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Concessões de menos
Governo planeja divulgar seu
plano para portos até o final
do ano; como em outras áreas,
precisa desatar amarras e
concentrar-se na fiscalização
O governo deu a entender que
até o final do ano divulgará o plano de concessão de novos portos à
iniciativa privada, que vai construir e gerir as instalações.
Trata-se de novidade bem-vinda e prevista na Lei dos Portos, de
1993. Empresas já arrendam instalações de portos públicos e gerem
terminais de uso privativo.
A iniciativa é mais do que tardia, dada a conjunção de precariedade e obsolescência da infraestrutura com escassez de recursos
públicos e inoperância oficial.
O setor sofre ainda com a politização da administração dos portos públicos, com a multiplicidade
de órgãos de controle, burocracia
e outras limitações à administração empresarial da atividade.
Receia-se, porém, que possa
tardar ainda mais. Faltam ao governo rumo, decisão e desembaraço no que diz respeito às concessões de obras e serviços públicos.
Considere-se o caso de aeroportos e estradas. Depois de se opor a
tal medida quando ministra do governo anterior, Dilma Rousseff decidiu de afogadilho conceder alguns aeroportos ao setor privado.
Constatou-se que seu projeto de
parceria limitada da Infraero com
empresas não atrairia investimentos, tornando ainda maior o risco
de caos na Copa de 2014. Não se
sabe ainda quando estarão prontos os editais de licitação.
O programa de concessão de estradas federais está parado. Foram concedidas algumas rodovias
no Sudeste, em 2008, e algumas
centenas de quilômetros na Bahia, no início de 2009.
As obras nas rodovias concedidas em 2008 atrasaram, dada a
má fiscalização federal. A terceira
etapa das concessões, em estradas mineiras, tropeçou num infinito conflito burocrático entre a
Agência Nacional de Transportes
Terrestres (ANTT) e o Tribunal de
Contas da União (TCU).
Ainda que o governo tenha alguma razão em criticar os ritos do
TCU, o problema é tão recorrente e
afeta de modo tão extenso as
obras públicas que seriam necessárias providências legais e administrativas, ou acordos que pusessem fim à paralisia.
Na área das concessões, o panorama é de dispersão gerencial,
morosidade e falta de objetivos.
Ainda enviesado pelo estatismo, o
governo reluta o quanto pode no
chamado à iniciativa privada.
Quando o faz, impõe amarras
demais, em vez de se concentrar
na fiscalização da prestação do
bom serviço. Perde-se, de resto, na
incapacidade de desatar os nós
burocráticos, que fazem parar
obras e licitações em conflitos no
interior do próprio Estado.
Para um governo que se apresenta com a marca de gestor eficiente, trata-se de um balanço por
ora lastimável.
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