|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FAROESTE VIRTUAL
As frequentes surtidas dos hackers,
especialistas em invasão de computadores ligados em rede, chamam a
atenção para a expansão de um novo
tipo de crime: a invasão das páginas
dos poderes públicos na Internet.
Na rede mundial de computadores,
há uma batalha diária travada entre
esses piratas e os sistemas locais de
defesa. Nessa guerra, são utilizados
termos conhecidos dos clássicos filmes western de Hollywood: ataques
em bando, invasões, destruições, batalhas, assaltos, justiceiros.
Nos EUA, já foram atacados por
exemplo os sites de instituições como
o FBI (polícia federal) e a Casa Branca
(sede do governo e residência oficial
do presidente da República). As invasões, entre outros perigos, permitem
acesso a informações sigilosas e podem danificar bancos de dados.
O Brasil também passa a conhecer
sua versão do conflito virtual. Nas últimas semanas foram violados, entre
outros, sites da Câmara dos Deputados e do Supremo Tribunal Federal.
Esse tipo de ação se beneficia da dificuldade de localizar sua origem.
Além disso, não há texto legal que trate especificamente do tema, restando
à Justiça interpretações baseadas em
normas correlatas. Outra dificuldade
é que o crime pode ser cometido do
exterior, criando problemas de jurisdição e abrindo possibilidade de criação de "paraísos do crime virtual".
A falta de critérios políticos e legais
para agir é de tal ordem que, para
contra-atacar hackers, surgem ciberjusticeiros, para quem o Estado é incapaz de combater os infratores.
O caso dos violadores da Internet é
um entre muitos dos desafios que as
novas tecnologias criam para o Estado nacional. Como atuar nesse terreno impalpável e no qual, aparentemente, não existem fronteiras?
Qualquer ação repressora, no entanto, torna-se efêmera nesse mundo
em que a transgressão parece ser
muito mais veloz que a regulação.
O tema exige das autoridades públicas criatividade para forjar instrumentos capazes de enfrentar essa nova forma de crime que se aproveita de
um espaço a priori arredio à norma,
aos controles e à vigilância.
Texto Anterior: Editorial: FRUSTRAÇÃO COMERCIAL Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Duvido, mas torço Índice
|