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VERBA PROMOCIONAL
Farto material de propaganda, sob a forma de jornais, cartazes, folhetos e marca-páginas, está
sendo confeccionado com dinheiro
público para promover parlamentares que são candidatos a prefeitos
nas próximas eleições. A Câmara dos
Deputados não fiscaliza o uso final
das verbas destinadas à "divulgação
de atividades legislativas", que vêm
sendo empregadas com evidentes finalidades eleitorais. Apenas nos primeiros quatro meses deste ano os
parlamentares já gastaram R$ 3,3
milhões em autopromoção.
Um levantamento dos gastos, realizado por esta Folha na semana passada, revela que os deputados candidatos a prefeito -um total de 86-
utilizaram, em média, 30% a mais os
recursos de divulgação do que aqueles que não disputarão as eleições.
A Mesa Diretora da Câmara, sob
comando do deputado João Paulo
Cunha (PT-SP), decidiu editar recentemente uma portaria que elimina a
fiscalização do conteúdo do material
produzido supostamente para prestar conta da atuação dos parlamentares no Legislativo. A Casa limita-se a
conferir se as despesas se enquadram nos parâmetros previstos. A
medida, na realidade, apenas consagrou uma situação de fato, já que anteriormente casos de uso aparentemente distorcido dessas verbas foram apreciados e aprovados.
Está claro que a fronteira entre propaganda e "divulgação de atividade
parlamentar" é bastante fluida, o que
reforça a impressão de que esse mecanismo é uma excrescência destinada apenas a aumentar a disponibilidade de recursos em proveito dos interesses políticos dos parlamentares.
O que mais uma vez salta aos olhos
nesse caso é a inesgotável capacidade
da classe política de criar em seu benefício expedientes que avançam no
uso do dinheiro público. Situações
como essa ajudam a explicar o descrédito dos políticos aos olhos de
uma sociedade que se sente constantemente burlada por aqueles que a
deveriam representar e dar exemplo
público de austeridade.
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