São Paulo, terça-feira, 03 de agosto de 2004

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ELIANE CANTANHÊDE

Entre amigos, muy amigos

BRASÍLIA - A próxima reunião do "conselhão" (o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), na quinta-feira, está dando o que falar. José Dirceu (Casa Civil) vai abrir a mesa sobre "o desenvolvimento nacional hoje". O sempre polêmico Carlos Lessa (BNDES) abre a segunda mesa, sobre "diálogo social, alavanca para o desenvolvimento".
Uma parte do governo acha que é ótimo um debate assim, sobre o crescimento econômico e o seu eixo social, sem exposição dos ministros diretamente vinculados: Palocci (Fazenda), Furlan (Desenvolvimento) e Patrus Ananias (Área Social).
Mas tem gente que continua desconfiando desse formato, dessa agenda e desses expositores. O que é para ser um debate em grande estilo corre o risco de virar uma arena contra a política econômica? Eis a dúvida.
O ministro Jaques Wagner, do "conselhão", organizador do encontro, liga para dizer que não é nada disso. Segundo ele, está na hora de discutir o Brasil real: "Temos de tirar o foco do superávit fiscal e dos juros e debater realmente o desenvolvimento de uma forma mais ampla".
Daí, qual o sentido de convocar justamente Dirceu para falar do tema e Lessa para dar uma forcinha logo depois, quando todo mundo sabe o que ambos pensam da política ortodoxa que Palocci herdou -e, dizem por aí, até aprofundou- de Pedro Malan?
Para Wagner, é "simples". A intenção é diversificar o debate em forma, conteúdo e atores de dentro e de fora do Brasil. Vêm aí representantes da União Européia, da América Latina, da área sindical brasileira.
Quanto à brigalhada interna que nós, os maldosos e intrigantes, estamos sempre vislumbrando nos corredores do poder petista, Wagner desconversa: "Eu não entro em turma. Minha turma se chama Luiz Inácio Lula da Silva".
Agora, é combinar o tom de quinta-feira com os "adversários" (de Palocci? Você decide). Dirceu é macaco velho e não vai para o ataque, mas Lessa é imprevisível e não esconde o que pensa. Tudo pode acontecer.


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