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ELIANE CANTANHÊDE
Entre amigos, muy amigos
BRASÍLIA - A próxima reunião do "conselhão" (o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), na
quinta-feira, está dando o que falar.
José Dirceu (Casa Civil) vai abrir a
mesa sobre "o desenvolvimento nacional hoje". O sempre polêmico Carlos Lessa (BNDES) abre a segunda
mesa, sobre "diálogo social, alavanca
para o desenvolvimento".
Uma parte do governo acha que é
ótimo um debate assim, sobre o crescimento econômico e o seu eixo social, sem exposição dos ministros diretamente vinculados: Palocci (Fazenda), Furlan (Desenvolvimento) e
Patrus Ananias (Área Social).
Mas tem gente que continua desconfiando desse formato, dessa agenda e desses expositores. O que é para
ser um debate em grande estilo corre
o risco de virar uma arena contra a
política econômica? Eis a dúvida.
O ministro Jaques Wagner, do
"conselhão", organizador do encontro, liga para dizer que não é nada
disso. Segundo ele, está na hora de
discutir o Brasil real: "Temos de tirar
o foco do superávit fiscal e dos juros e
debater realmente o desenvolvimento de uma forma mais ampla".
Daí, qual o sentido de convocar justamente Dirceu para falar do tema e
Lessa para dar uma forcinha logo depois, quando todo mundo sabe o que
ambos pensam da política ortodoxa
que Palocci herdou -e, dizem por aí,
até aprofundou- de Pedro Malan?
Para Wagner, é "simples". A intenção é diversificar o debate em forma,
conteúdo e atores de dentro e de fora
do Brasil. Vêm aí representantes da
União Européia, da América Latina,
da área sindical brasileira.
Quanto à brigalhada interna que
nós, os maldosos e intrigantes, estamos sempre vislumbrando nos corredores do poder petista, Wagner desconversa: "Eu não entro em turma.
Minha turma se chama Luiz Inácio
Lula da Silva".
Agora, é combinar o tom de quinta-feira com os "adversários" (de Palocci? Você decide). Dirceu é macaco velho e não vai para o ataque, mas Lessa é imprevisível e não esconde o que
pensa. Tudo pode acontecer.
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