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Dialética da bravata
DO PT no governo federal já
se assistiu a todo o negativo do filme estrelado pelo
partido quando esteve na oposição. O paradoxo foi tamanho que
levou o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva a enunciar a curiosa
dialética da bravata: "Quando a
gente é de oposição, pode fazer
bravata porque não vai poder
executar nada mesmo. Quando
você é governo, tem de fazer, e aí
não cabe a bravata".
Curioso também tem sido assistir ao processo inverso, afetando a oposição que esteve no
governo até 31 de dezembro de
2002. É de autoria do PFL e recebe apoio do PSDB uma emenda
que pretende dar aumento de
16,7% a todos os aposentados, e
não apenas aos que ganham salário mínimo. Tucanos e pefelistas,
que compõem chapa para disputar a Presidência em outubro,
decerto não têm nenhuma pretensão de que a sua proposta seja
levada a sério, nem a termo.
Seria aumentar as despesas da
Previdência em R$ 7 bilhões neste ano e mais R$ 10 bilhões no
ano que vem, pouco importando
aos defensores festivos da emenda qual seria o seu impacto no
gasto público. Levada a sério, a
proposta exigiria do candidato
Geraldo Alckmin a explicitação
do que pretende fazer no ano que
vem, caso eleito, para dar conta
desses custos extras.
O ex-governador paulista acusa Lula de promover uma "farra
fiscal"; promete um "choque de
gestão" para economizar dinheiro público e a redução da carga
de tributos. Estará em maus lençóis se tiver de endossar o que a
base parlamentar de sua candidatura propõe no Congresso.
De onde se extraem duas conclusões. A primeira é que tucanos, pefelistas e petistas, todos
praticam a dialética da bravata. A
segunda é que o Brasil carece de
responsabilidade na política, seja no governo, seja na oposição.
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