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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Aécio sob pressão
SÃO PAULO - Aécio Neves sempre
disse que sua prioridade este ano
seria eleger seu então vice, Antonio
Anastasia, governador de Minas.
Insistiu muito na importância estratégica da sua sucessão para resistir à pressão de que fosse vice de
José Serra. Ao mesmo tempo em
que costurava o jogo local, o mineiro vendeu até quando foi possível a
ideia de que, no cenário nacional,
ele representaria o "pós-Lula". Fazia um evidente contraponto a Serra, o "anti-Lula", quisesse ou não.
O "pós-Lula" foi atropelado pelos fatos. E o futuro de Aécio, para
além da votação consagradora que
terá ao Senado, está um tanto nebuloso. A dois meses da eleição,
emplacar Anastasia parece mais
complicado do que se imaginava.
As pesquisas mostram que Hélio
Costa, sustentado pela aliança
PMDB-PT, hoje venceria com folga.
No último Datafolha, apareceu com
44%, contra 18% de Anastasia. Como os demais candidatos são inexpressivos, é praticamente certo que
a fatura se liquide em 3 de outubro.
Hélio Costa tem fama de cavalo
paraguaio, bom de largada, ruim
de chegada. Em 1994, teve quase
49% dos votos no primeiro turno e
acabou perdendo o governo para o
tucano Eduardo Azeredo. Mas, desta vez, o ex-ministro de Lula tem o
PT. E de verdade -o que muita gente até no PT duvidava ser possível.
Lula submeteu o partido ao projeto Dilma Rousseff e jogou Aécio
no colo de Serra. O mineiro queria
ser "pós", mas foi parar na oposição. Aécio não acreditava que Patrus Ananias, ex-ministro do Bolsa
Família, aceitasse ser vice de Costa.
Pediu a bênção à sua mãe e aceitou.
Minas viverá a sua guerra particular. Anastasia tem Aécio, tem a
maioria das 853 prefeituras e o Palácio da Liberdade (que, diz-se, é o
maior partido mineiro). Costa tem a
máquina federal, o PT e Lula, além
desse monstro tentacular, o PMDB
-o "Polvo Paul" da nossa política.
Se Dilma ganhar, Aécio tende a
ser o futuro da oposição, o pós-Serra. Mas se Anastasia perder, ele
também terá de recolher os cacos.
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