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CARLOS HEITOR CONY
A razão da razão
RIO DE JANEIRO - Que foi um precedente perigoso, foi. Já comentei a ida
do governador de São Paulo à casa do Silvio Santos, expondo-se a ser
morto ou trocado, ficando refém do
sequestrador. Uma autoridade de seu
escalão não poderia correr este risco.
Contudo fica a questão principal.
Se o sequestrador tivesse matado o
empresário e mais dois ou três policiais, e ainda que também fosse morto ou se suicidasse, tanto sangue justificaria a sacralidade de um cargo,
por mais importante que fosse?
O caso terminou bem, apesar da
morte de dois policiais, que foram heróis mas bobearam, pois agiram fora
das normas técnicas que estão dando
resultados -é grande o número de
sequestros bem resolvidos com ou
sem pagamento de resgate.
A estrutura policial, tanto em São
Paulo como no resto do Brasil, comete erros. Mas, neste departamento específico, acho que está conseguindo
avanços -a menos que as estatísticas de que dispomos estejam macetadas.
Um sequestro com ameaça de morte é uma emergência que pode ser
comparada à emergência de um vôo.
Há toda uma rotina a ser obedecida,
em terra e no ar, para vencer o desafio. Mas tudo se canaliza para o piloto, que teoricamente é o mais preparado para dominar a situação. Em
tese, ele tem preparo técnico e condições psicológicas para enfrentar o risco. Precisa ser eficazmente ajudado
por toda a estrutura, mas é dele a
condução do processo.
No caso em pauta, esse técnico desempenhou o seu papel, apesar da
muita confusão reinante. O pedido
do sequestrador, apoiado pelo sequestrado, de trazer o governador ao
local do sequestro, teve a sua aprovação.
O governador consultou o técnico.
A partir daí, o erro ou o acerto da medida teria um responsável. O governador, na realidade, cumpriu uma
ordem que, na circunstância, era superior à sua autoridade.
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