São Paulo, domingo, 03 de setembro de 2006

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PAINEL DO LEITOR

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Encontro com Lula
"Paulo Nogueira Batista Júnior, por quem tenho respeito e amizade, relatou, em sua coluna "Um encontro com o presidente Lula" (Dinheiro, 31/8), o encontro de intelectuais com Lula, dando ênfase aos ataques que ele proferiu ao Banco Central. Ficou parecendo que essas foram as únicas críticas substanciais apresentadas ao presidente -por alguém que furou a lista dos oradores inscritos.
Ora, antes de sua intervenção, um dos inscritos na lista leu um manifesto, assinado por 213 intelectuais, que condena "os recentes escândalos que têm despertado perplexidades". Outro inscrito afirmou, em seguida, que os delitos praticados por membros do PT e do governo, "incorrendo em penas previstas no Código Penal", haviam deixado muitos militantes do PT "humilhados e ofendidos". E Maria Rita Kehl, também inscrita na lista, disse que esperava um PT e um governo petista livres dos "vícios e dos crimes" que marcaram o período recente.
Havia, portanto, no encontro, gente que acredita que a questão ética do PT e do governo é muito mais importante do que o atual nível da taxa de juro."
LUIZ FELIPE DE ALENCASTRO, historiador (Paris, França)

Resposta do colunista Paulo Nogueira Batista Júnior - Com todo o respeito e a amizade que tenho por Luiz Felipe Alencastro, digo que o clima dominante no encontro dos intelectuais com o presidente na segunda-feira passada em São Paulo era de apoio e deferência. O manifesto que ele menciona, apesar da perplexidade com os escândalos, pedia voto em Lula. Todos ou quase todos os inscritos na tal lista de oradores declararam voto no presidente. Alguns fizeram ressalvas críticas; outros, nem isso.

Desaparecidos
"O senhor Philippe-Antoine Gaillard, em artigo publicado em 30/8 na seção "Tendências/Debates" ("30 de agosto, Dia dos Desaparecidos'), ressalta a dor dos familiares dos desaparecidos, insistindo em que a memória nunca morre.
Como mães de dois rapazes desaparecidos na guerrilha do Araguaia, é nosso dever enaltecer o referido artigo e, usando a memória como a única arma que ainda nos resta, lembrar que: o Brasil anistiou torturadores e torturados, impedindo, assim, que criminosos fossem julgados e condenados; instituiu um sistema de indenizações, como se sangue derramado por idealismo fosse passível de ser comprado; impediu até hoje a abertura dos arquivos militares, de certa forma endossando as mortes e os "desaparecimentos'; ignorou o sofrimento permanente das famílias, negando a estas o simples direito de enterrar os seus mortos; escondeu o tanto quanto pode, de 180 milhões de brasileiros, o direito à informação e, conseqüentemente, à justiça.
A nosso ver, nenhum país se constrói e se mantém de pé quando sangue jovem é vertido contra uma ditadura e as autoridades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário se mantêm omissas. O Brasil viveu dias, muitos dias, de holocausto, mas, diferentemente de outras nações, faz o possível e o impossível para esquecer a tragédia. Mas a memória persiste."
CARMEN NAVARRO RIVAS e DIANA PILÓ DE OLIVEIRA (Rio de Janeiro, RJ)

Crime
"É lamentável o senhor Doca Street, assassino de Ângela Diniz, autor de um crime hediondo que chocou o país há 30 anos, estar em plena liberdade e apresentar um cinismo ímpar. Fosse esta uma nação séria, ele ainda estaria preso ou seria condenado à pena de morte."
DJALMA DE SOUZA PINTO JÚNIOR (São Paulo, SP)

Ideologias
"Bush, ao demonizar o radicalismo islâmico, comparando-o ao fascismo, age como quem vê o cisco que está no olho alheio e não repara na trave que está no seu próprio olho. A ideologia "wasp" (white, anglo-saxon and protestant), da qual ele é o representante-mor, calcada em fundamentos nacionalistas, conservadores e imperialistas, é tão nefasta quanto a ideologia que move os radicais da Al Qaeda.
A única diferença entre Bush e Bin Laden está no fato de que o primeiro promove o terror calcado, entre outras coisas, numa interpretação equivocada da Bíblia; o segundo faz o mesmo calcado numa interpretação equivocada do Alcorão. O mundo seria bem melhor se poupado das ações terroristas gestadas por esses dois desvairados."
TÚLLIO MARCO SOARES CARVALHO (Belo Horizonte, MG)

Orçamentos
"Tenho certeza de que a Folha não desconhece a importância das leis de planejamento do Estado (no momento, refiro-me, em especial, à Lei de Diretrizes Orçamentárias).
Tanto isso é verdade que o jornal publicou o texto "Parlamentares saem de "férias" sem aprovar LDO" (Brasil, 13/7) e o editorial "O descaso de sempre" (14/7). E ambos os textos referiam-se apenas ao Congresso Nacional. Mas situação semelhante ocorria na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, e não se viu igual cobertura.
Assim, questiono: 1) A Folha teve acesso ao projeto do Executivo paulista para a LDO-2007? 2) Conhece o relatório aprovado em 29/ 8 pela Comissão de Finanças e Orçamento da Alesp? 3) Cobrirá doravante a tramitação da LDO-2007? Respostas positivas, sobretudo em relação à terceira questão, muito contribuirão para informar e subsidiar os leitores no acompanhamento dessa importante lei, sem dúvida uma tarefa cívica."
CÉSAR AUGUSTO MINTO, presidente da Associação dos Docentes da Universidade de São Paulo -Adusp (São Paulo, SP)

Transporte
"Obviamente algo deve ser feito em termos de transporte em São Paulo, ainda que a medida seja impopular, como o pedágio urbano. É necessário, contudo, antes, aprimorar o transporte público. Digo por experiência própria.
Em 2002, resolvi deixar o carro na garagem e usar ônibus (trólebus). Numa semana, a linha parou quatro vezes, e fui advertido sobre os atrasos. Para ir ao trabalho, vou de lotação, cujos motoristas parecem protagonistas da série "Velozes e furiosos", ou levo três horas de ônibus. Quanto ao metrô, quando funciona bem, nos surpreende com greves de caráter político. Que se melhore o transporte, deixando-o igual ao de Londres e, aí, sim, se adotem medidas restritivas à circulação, como naquela capital."
REGINALDO SALOMÃO (São Paulo, SP)


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