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Encontro com Lula
"Paulo Nogueira Batista Júnior,
por quem tenho respeito e amizade,
relatou, em sua coluna "Um encontro com o presidente Lula" (Dinheiro, 31/8), o encontro de intelectuais
com Lula, dando ênfase aos ataques
que ele proferiu ao Banco Central.
Ficou parecendo que essas foram
as únicas críticas substanciais apresentadas ao presidente -por alguém que furou a lista dos oradores
inscritos.
Ora, antes de sua intervenção, um
dos inscritos na lista leu um manifesto, assinado por 213 intelectuais,
que condena "os recentes escândalos que têm despertado perplexidades". Outro inscrito afirmou, em seguida, que os delitos praticados por
membros do PT e do governo, "incorrendo em penas previstas no
Código Penal", haviam deixado
muitos militantes do PT "humilhados e ofendidos".
E Maria Rita Kehl, também inscrita na lista, disse que esperava um
PT e um governo petista livres dos
"vícios e dos crimes" que marcaram
o período recente.
Havia, portanto, no encontro,
gente que acredita que a questão
ética do PT e do governo é muito
mais importante do que o atual nível da taxa de juro."
LUIZ FELIPE DE ALENCASTRO, historiador
(Paris, França)
Resposta do colunista Paulo
Nogueira Batista Júnior - Com
todo o respeito e a amizade que
tenho por Luiz Felipe Alencastro, digo que o clima dominante
no encontro dos intelectuais
com o presidente na segunda-feira passada em São Paulo era
de apoio e deferência.
O manifesto que ele menciona,
apesar da perplexidade com os
escândalos, pedia voto em Lula.
Todos ou quase todos os inscritos na tal lista de oradores declararam voto no presidente.
Alguns fizeram ressalvas críticas; outros, nem isso.
Desaparecidos
"O senhor Philippe-Antoine Gaillard, em artigo publicado em 30/8
na seção "Tendências/Debates" ("30
de agosto, Dia dos Desaparecidos'),
ressalta a dor dos familiares dos desaparecidos, insistindo em que a
memória nunca morre.
Como mães de dois rapazes desaparecidos na guerrilha do Araguaia,
é nosso dever enaltecer o referido
artigo e, usando a memória como a
única arma que ainda nos resta,
lembrar que: o Brasil anistiou torturadores e torturados, impedindo,
assim, que criminosos fossem julgados e condenados; instituiu um
sistema de indenizações, como se
sangue derramado por idealismo
fosse passível de ser comprado; impediu até hoje a abertura dos arquivos militares, de certa forma endossando as mortes e os "desaparecimentos'; ignorou o sofrimento permanente das famílias, negando a estas o simples direito de enterrar os
seus mortos; escondeu o tanto
quanto pode, de 180 milhões de brasileiros, o direito à informação e,
conseqüentemente, à justiça.
A nosso ver, nenhum país se
constrói e se mantém de pé quando
sangue jovem é vertido contra uma
ditadura e as autoridades do Executivo, do Legislativo e do Judiciário
se mantêm omissas.
O Brasil viveu dias, muitos dias,
de holocausto, mas, diferentemente de outras nações, faz o possível e
o impossível para esquecer a tragédia. Mas a memória persiste."
CARMEN NAVARRO RIVAS e DIANA PILÓ DE OLIVEIRA
(Rio de Janeiro, RJ)
Crime
"É lamentável o senhor Doca
Street, assassino de Ângela Diniz,
autor de um crime hediondo que
chocou o país há 30 anos, estar em
plena liberdade e apresentar um cinismo ímpar. Fosse esta uma nação
séria, ele ainda estaria preso ou seria condenado à pena de morte."
DJALMA DE SOUZA PINTO JÚNIOR (São Paulo, SP)
Ideologias
"Bush, ao demonizar o radicalismo islâmico, comparando-o ao fascismo, age como quem vê o cisco
que está no olho alheio e não repara
na trave que está no seu próprio
olho. A ideologia "wasp" (white, anglo-saxon and protestant), da qual
ele é o representante-mor, calcada
em fundamentos nacionalistas,
conservadores e imperialistas, é tão
nefasta quanto a ideologia que move os radicais da Al Qaeda.
A única diferença entre Bush e
Bin Laden está no fato de que o primeiro promove o terror calcado,
entre outras coisas, numa interpretação equivocada da Bíblia; o segundo faz o mesmo calcado numa interpretação equivocada do Alcorão.
O mundo seria bem melhor se
poupado das ações terroristas gestadas por esses dois desvairados."
TÚLLIO MARCO SOARES CARVALHO
(Belo Horizonte, MG)
Orçamentos
"Tenho certeza de que a Folha
não desconhece a importância das
leis de planejamento do Estado (no
momento, refiro-me, em especial, à
Lei de Diretrizes Orçamentárias).
Tanto isso é verdade que o jornal
publicou o texto "Parlamentares
saem de "férias" sem aprovar LDO"
(Brasil, 13/7) e o editorial "O descaso de sempre" (14/7). E ambos os
textos referiam-se apenas ao Congresso Nacional. Mas situação semelhante ocorria na Assembléia
Legislativa do Estado de São Paulo,
e não se viu igual cobertura.
Assim, questiono: 1) A Folha teve
acesso ao projeto do Executivo
paulista para a LDO-2007? 2) Conhece o relatório aprovado em 29/
8 pela Comissão de Finanças e Orçamento da Alesp? 3) Cobrirá doravante a tramitação da LDO-2007?
Respostas positivas, sobretudo
em relação à terceira questão, muito contribuirão para informar e
subsidiar os leitores no acompanhamento dessa importante lei,
sem dúvida uma tarefa cívica."
CÉSAR AUGUSTO MINTO, presidente da Associação
dos Docentes da Universidade de São Paulo
-Adusp (São Paulo, SP)
Transporte
"Obviamente algo deve ser feito
em termos de transporte em São
Paulo, ainda que a medida seja impopular, como o pedágio urbano. É
necessário, contudo, antes, aprimorar o transporte público. Digo por
experiência própria.
Em 2002, resolvi deixar o carro
na garagem e usar ônibus (trólebus). Numa semana, a linha parou
quatro vezes, e fui advertido sobre
os atrasos. Para ir ao trabalho, vou
de lotação, cujos motoristas parecem protagonistas da série "Velozes
e furiosos", ou levo três horas de
ônibus. Quanto ao metrô, quando
funciona bem, nos surpreende com
greves de caráter político.
Que se melhore o transporte, deixando-o igual ao de Londres e, aí,
sim, se adotem medidas restritivas
à circulação, como naquela capital."
REGINALDO SALOMÃO (São Paulo, SP)
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