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KENNETH MAXWELL
Contratempo x oportunidade
A CONFERÊNCIA de cúpula
dos líderes da América do
Sul, realizada sexta-feira em
Bariloche, serviu como um inflexível lembrete de que esse tipo de encontro só produz resultados caso
seja preparado cuidadosamente.
Não foi o caso em Bariloche.
O presidente colombiano, Álvaro
Uribe, não participou da reunião
anterior, em agosto, no Equador,
devido a desacordos entre o Equador e a Colômbia, agravados pela
incursão armada colombiana ao
território equatoriano em 2008.
Não só as forças do país mataram
um importante líder guerrilheiro
como encontraram computadores
que, segundo elas, revelam até que
ponto Venezuela e Equador colaboram com a guerrilha.
A Colômbia, em seguida, usou a
expulsão das Forças Armadas norte-americanas de sua base em
Manta, Equador, para fortalecer
sua aliança com os EUA. Sob um
novo acordo com a Colômbia, os
EUA receberão acesso a sete bases
militares colombianas para operações conjuntas de combate à guerrilha e ao narcotráfico.
A conferência de cúpula de Bariloche tinha por objetivo expressar
as preocupações sul-americanas
quanto a esse novo acordo entre
Colômbia e EUA. O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva sugeriu
que o presidente Barack Obama
fosse convidado, a fim de explicar a
posição dos EUA. Mas Obama estava de férias. Jamais houve indicação de que ele participaria.
Assim, o presidente Uribe se tornou o foco das atenções em Bariloche. O presidente Hugo Chávez, a
despeito de um discreto apelo do
presidente Lula para que mantivesse o silêncio, aproveitou a ocasião para atacar o vizinho. Lula
aparentemente não aprendeu com
o fracasso do rei da Espanha em
conter os excessos verbais de Chávez durante a conferência de cúpula ibero-americana. Pouco admira
que o presidente Uribe tenha contraído gripe suína pouco depois de
retornar a Bogotá.
A conferência de cúpula de Bariloche causou divisão ainda maior
em uma região já rachada em razão
de agendas concorrentes. E se concentrou em um acordo que só serve
para demonstrar até que ponto os
EUA estão fora de contato com as
questões hemisféricas.
Na segunda-feira, Lula se voltou
a assuntos mais importantes para o
futuro do Brasil: os planos de seu
governo para a gestão das vastas reservas de petróleo identificadas na
área do pré-sal. E a Organização
Mundial de Comércio decidiu em
favor do Brasil em uma longa disputa com os Estados Unidos quanto a subsídios à produção de algodão, o que volta a destacar a crescente importância do Brasil no comércio mundial.
Como Lula declarou recentemente: "Deus deu mais uma
chance".
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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