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A Copa em Itaquera
A construção de um estádio de
futebol custeado pela iniciativa
privada, com uso garantido após a
Copa do Mundo de 2014, surgiu
como a melhor saída para o imbróglio em torno da escolha do
palco que receberá o torneio na
principal cidade do país. À medida que detalhes vão sendo revelados, porém, torna-se evidente que
o contribuinte, independentemente de sua preferência clubística, ajudará a bancar a arena do
Corinthians.
Com a indispensável ajuda do
presidente Lula, seu clube do coração conseguiu que a Odebrecht
assumisse o projeto de construir
um estádio em Itaquera, área com
acesso já facilitado pela existência
de uma estação de metrô.
Como se sabe, exigências da Fifa, a entidade máxima do futebol,
encareceram o projeto de reforma
do Morumbi. Diante da acertada
resistência dos governantes paulistas a investir dinheiro público
na obra, o tradicional estádio, que
pertence ao São Paulo F.C., foi vetado pelos organizadores.
O fato de a alternativa encontrada ser a construção de uma arena
privada, com recursos próprios,
não exclui a necessidade de vigilância pública e de transparência
da empreiteira e do clube, visto
que o financiamento virá, com juros camaradas, do BNDES. Além
disso, como revelou esta Folha na
edição de ontem, a isenção total
de impostos em serviços e compra
de materiais de construção para
estádios da Copa representará cerca de 20% dos custos da obra.
O Corinthians também deixou
claro que não pretende gastar para adequar o projeto atual, de 48
mil lugares, para um de 65 mil lugares -o que é exigido para a capital ser a sede da abertura do
evento. Como é exíguo o prazo para concluir a obra, não se deve
descartar o surgimento de pressões para que, mais dia, menos
dia, os cofres públicos se abram.
Feitas as ressalvas, a proposta
parece ser a melhor solução para a
cidade, que, ao economizar na
construção, ganhará capacidade
para investir na melhoria da infraestrutura urbana -o que representará benefícios duradouros para todos os cidadãos.
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