São Paulo, sexta-feira, 03 de setembro de 2010

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Editoriais

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A Copa em Itaquera

A construção de um estádio de futebol custeado pela iniciativa privada, com uso garantido após a Copa do Mundo de 2014, surgiu como a melhor saída para o imbróglio em torno da escolha do palco que receberá o torneio na principal cidade do país. À medida que detalhes vão sendo revelados, porém, torna-se evidente que o contribuinte, independentemente de sua preferência clubística, ajudará a bancar a arena do Corinthians.
Com a indispensável ajuda do presidente Lula, seu clube do coração conseguiu que a Odebrecht assumisse o projeto de construir um estádio em Itaquera, área com acesso já facilitado pela existência de uma estação de metrô.
Como se sabe, exigências da Fifa, a entidade máxima do futebol, encareceram o projeto de reforma do Morumbi. Diante da acertada resistência dos governantes paulistas a investir dinheiro público na obra, o tradicional estádio, que pertence ao São Paulo F.C., foi vetado pelos organizadores.
O fato de a alternativa encontrada ser a construção de uma arena privada, com recursos próprios, não exclui a necessidade de vigilância pública e de transparência da empreiteira e do clube, visto que o financiamento virá, com juros camaradas, do BNDES. Além disso, como revelou esta Folha na edição de ontem, a isenção total de impostos em serviços e compra de materiais de construção para estádios da Copa representará cerca de 20% dos custos da obra.
O Corinthians também deixou claro que não pretende gastar para adequar o projeto atual, de 48 mil lugares, para um de 65 mil lugares -o que é exigido para a capital ser a sede da abertura do evento. Como é exíguo o prazo para concluir a obra, não se deve descartar o surgimento de pressões para que, mais dia, menos dia, os cofres públicos se abram.
Feitas as ressalvas, a proposta parece ser a melhor solução para a cidade, que, ao economizar na construção, ganhará capacidade para investir na melhoria da infraestrutura urbana -o que representará benefícios duradouros para todos os cidadãos.


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