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ELIANE CANTANHÊDE
Zero a zero
BRASÍLIA - Lula teve mais votos,
perto de 49%, e tem um aliado e
tanto: o governo. Alckmin tem o
vento a favor: com mais de 41%,
criou a sensação de que tem reais
chances de vitória e mobiliza velhos
e novos aliados, depois de amargar
uma solidão inquietante durante
todo o primeiro turno.
Até aqui, Lula usou sua empatia
com o eleitorado, reforçou a simbologia de "pai dos pobres" e jogou números ao ar junto com o mantra do
"melhor governo do mundo".
E Alckmin consumiu o primeiro
turno mostrando como o médico de
Pindamonhangaba é bonzinho, certinho e decora tudo direitinho, inclusive as inúmeras -não sem razão- cobranças éticas a seu adversário. Agora, precisa deixar de ser
candidato de plástico para virar
candidato de carne e osso.
Em resumo: no primeiro turno, a
forma; no segundo, o conteúdo. Isso implica debates cara a cara, confronto de propostas e discussão sobre o país. Afinal, o que Lula oferece
além dos programas de renda? E o
que Alckmin quer além de "um Brasil decente"? Como o país vai deixar
de ter o segundo menor crescimento da América Latina?
Além disso, paira uma grave dúvida: os homens do presidente, qualquer que seja esse presidente. Lula
perdeu o primeiro escalão do governo, do PT e até das amizades. E ninguém sabe qual é a equipe de Alckmin. Os quadros tucanos vão ter
que se dividir entre São Paulo, Minas e Brasília caso Alckmin vença.
Mais cargo do que gente?
A bancada de deputados federais
do PSDB de São Paulo passou por
uma expressiva renovação e tem
perfil "alckmista". Mas quem são
essas pessoas? Estão aptas a assumir o comando do governo federal?
Segundos turnos são exatamente
para responder a essa avalanche de
interrogações que sobram do primeiro. Enquanto o básico -dossiês,
denúncias e a origem de montanhas
de dinheiro -deve varar a eleição e
se manter para além de 2007.
elianec@uol.com.br
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