São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2006

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ELIANE CANTANHÊDE

Zero a zero

BRASÍLIA - Lula teve mais votos, perto de 49%, e tem um aliado e tanto: o governo. Alckmin tem o vento a favor: com mais de 41%, criou a sensação de que tem reais chances de vitória e mobiliza velhos e novos aliados, depois de amargar uma solidão inquietante durante todo o primeiro turno.
Até aqui, Lula usou sua empatia com o eleitorado, reforçou a simbologia de "pai dos pobres" e jogou números ao ar junto com o mantra do "melhor governo do mundo".
E Alckmin consumiu o primeiro turno mostrando como o médico de Pindamonhangaba é bonzinho, certinho e decora tudo direitinho, inclusive as inúmeras -não sem razão- cobranças éticas a seu adversário. Agora, precisa deixar de ser candidato de plástico para virar candidato de carne e osso.
Em resumo: no primeiro turno, a forma; no segundo, o conteúdo. Isso implica debates cara a cara, confronto de propostas e discussão sobre o país. Afinal, o que Lula oferece além dos programas de renda? E o que Alckmin quer além de "um Brasil decente"? Como o país vai deixar de ter o segundo menor crescimento da América Latina?
Além disso, paira uma grave dúvida: os homens do presidente, qualquer que seja esse presidente. Lula perdeu o primeiro escalão do governo, do PT e até das amizades. E ninguém sabe qual é a equipe de Alckmin. Os quadros tucanos vão ter que se dividir entre São Paulo, Minas e Brasília caso Alckmin vença.
Mais cargo do que gente? A bancada de deputados federais do PSDB de São Paulo passou por uma expressiva renovação e tem perfil "alckmista". Mas quem são essas pessoas? Estão aptas a assumir o comando do governo federal?
Segundos turnos são exatamente para responder a essa avalanche de interrogações que sobram do primeiro. Enquanto o básico -dossiês, denúncias e a origem de montanhas de dinheiro -deve varar a eleição e se manter para além de 2007.


elianec@uol.com.br


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