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RUY CASTRO
Cidade feliz
RIO DE JANEIRO - Há tempos,
escrevi num livro que, assim como
os londrinos são bons em táxi, guarda-chuva, pigarro, cachorro e consciência de classe, e os parisienses,
em baguete, boina, livro usado, cigarro sem filtro e bidê, o carioca
sempre se orgulhou de seu know-how em botequim, sandália de dedo, frescobol, caldinho de feijão e
botar apelido nos outros. Pois logo
poderá somar outro item a seu currículo: organizar grandes competições esportivas.
O Rio receberá os Jogos Mundiais Militares em 2011, a Copa das
Confederações em 2013, a Copa do
Mundo em 2014 (abrigará, entre
outros, o jogo final, além de ser sede
da seleção, da Fifa e do centro de
imprensa) e, agora, a Olimpíada e a
Para-Olimpíada em 2016. Ou seja,
há espaço na agenda para 2012 e
2015. E, até que se acenda a chama
olímpica, ainda teremos sete Carnavais e outros tantos verões e
Réveillons.
Estamos numa maré boa. Nos últimos meses, o Rio ganhou o título
de "cidade mais feliz do mundo"
(segundo pesquisa de um instituto
americano com 10 mil pessoas em
20 países), foi considerado (pelos
entendidos) o "melhor destino gay
do mundo" e se tornou a primeira
cidade da América do Sul a merecer
uma edição do Guia Verde Michelin, com 20 lugares agraciados com
a cotação máxima de três estrelas e
40 com duas.
Junte a isso a boa colocação do
Rio como polo nacional do audiovisual e de pesquisa acadêmica nas
áreas de saúde, biologia, biotecnologia, petróleo, astronomia e humanas em geral -e, acrescento eu, da
baixa gastronomia, conceito criado
aqui e irradiado para as demais potências- para entender como, depois de tanto apanhar, nossa autoestima tem melhorado muito.
Mas, como diria o carioca Noel
Rosa, o Rio não quer abafar ninguém. Só quer mostrar que faz
Olimpíada tão bem.
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