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São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2003

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RISCOS DUVIDOSOS

Já se tornou parte do senso comum dizer que a chave das políticas econômicas de sucesso é a conquista da credibilidade nos mercados. É o estado de confiança que determina o ânimo dos investidores, seja em ações, seja em usinas hidroelétricas, seja em qualquer ramo da economia. Menos óbvia, no entanto, é a resposta para uma questão essencial: quais os critérios que chancelam essa tão almejada credibilidade?
Para facilitar a resposta, os chamados mercados fiam-se nos pareceres feitos pelas agências de risco. Supostamente essas empresas dominam fórmulas "científicas" e legítimas de avaliação das perspectivas de uma política econômica. Com base nisso, recomendam ou não a compra de títulos. Muito frequentemente, no entanto, essa suposta competência é exposta a desmentidos. De certa forma isso acaba de ocorrer em relação à Rússia.
Com base em fatores como a imensa riqueza petrolífera e elevadas reservas internacionais, agências conferiram aos russos o "investment grade", status de pouquíssimo risco. Do ponto de vista estritamente financeiro, a decisão faz sentido.
Se esse "upgrade" no entanto significa também que o país disporia de estabilidade e transparência institucional em níveis suficientes para tranquilizar os donos do dinheiro volátil global, a avaliação é duvidosa. É o que sugere, por exemplo, o polêmico episódio da prisão de Mikhail Khodorkovsky, dono de uma das maiores empresa do país, suposto sonegador de impostos e financiador de movimentos de oposição ao presidente Putin. Alguns observadores consideram que Putin agiu contra Khodorkovsky recorrendo a ardis típicos do antigo serviço secreto soviético, a KGB, da qual foi membro.
Não é novidade que a situação institucional e o grau de corrupção na Rússia ainda são graves problemas a serem enfrentados. Resta saber até que ponto esses aspectos deveriam ser pesados mais detidamente pelas agências em suas avaliações de risco.



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