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São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2003

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VINICIUS TORRES FREIRE

Marta Suplicy, oxigenada

SÃO PAULO - Marta Suplicy está bem na pesquisa Datafolha. Certo, a prefeita empata com o bruxuleante Paulo Maluf na disputa da reeleição. Mas o malufismo é um tipo de malária política paulista. É incurável, pode matar, periodicamente causa febres terríveis, mas em geral passa: Maluf perdeu todas as eleições para cargos executivos, menos uma, quando quase destruiu de vez a cidade. De resto, nem se sabe se será candidato. Tem muitas pendências perigosas na Justiça e está depauperado.
Interessante é que o prestígio da prefeita cresceu. Na caricatura, Marta aparece como perua destemperada, arrogante, deslumbrada, "Martaxa". Mas isso não afetou a sua imagem diante da gente mais pobre e menos instruída. Por acreditar que foi beneficiado pela prefeitura ou por admirar a celebridade novelesca e loura da prefeita, é o povo miúdo o que mais aprecia o governo dela.
Mas muito povo miúdo que estima o governo Marta não votaria pela reeleição. Há espaço para ganhar mais votos ou a prefeita precisa fazer ainda mais marquetagem?
Até meados de 2002, eram os mais ricos os que mais estimavam a prefeita. A tendência se inverteu desde então. Nada de importante marcou essa mudança exceto a ascensão de Lula. Escolões ainda não havia, embora existam agora. Havia uniforme, material e ônibus para crianças pobres irem à escola, benefício esnobado por quem é rico.
Mas a passagem de ônibus é cara. Há greve demais. Não há avaliação razoável sobre a saúde. Há rumores de que as finanças da cidade estejam desequilibradas. Mas o povo associa isso a Marta? Importa-se?
Inédito em dez anos, há asfalto novo nas ruas. Mas o povo não anda de carro, não percebe muito. Remediados e ricos, que agora pagam mais imposto, se irritaram com a prefeita. Houve fisiologismo e barafundas suspeitas com vereadores do PT. Nenhuma idéia nova apareceu para civilizar esta cidade feia, de gente rica e bárbara e de mau gosto.
Não se sabe bem o motivo, mas Marta sai do poço do seu desprestígio em que caíra no início do ano.



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