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VINICIUS TORRES FREIRE
Marta Suplicy, oxigenada
SÃO PAULO - Marta Suplicy está bem na pesquisa Datafolha. Certo, a prefeita empata com o bruxuleante Paulo Maluf na disputa da reeleição. Mas
o malufismo é um tipo de malária política paulista. É incurável, pode matar, periodicamente causa febres terríveis, mas em geral passa: Maluf perdeu todas as eleições para cargos executivos, menos uma, quando quase
destruiu de vez a cidade. De resto,
nem se sabe se será candidato. Tem
muitas pendências perigosas na Justiça e está depauperado.
Interessante é que o prestígio da
prefeita cresceu. Na caricatura, Marta
aparece como perua destemperada,
arrogante, deslumbrada, "Martaxa".
Mas isso não afetou a sua imagem
diante da gente mais pobre e menos
instruída. Por acreditar que foi beneficiado pela prefeitura ou por admirar a celebridade novelesca e loura da
prefeita, é o povo miúdo o que mais
aprecia o governo dela.
Mas muito povo miúdo que estima
o governo Marta não votaria pela reeleição. Há espaço para ganhar mais
votos ou a prefeita precisa fazer ainda
mais marquetagem?
Até meados de 2002, eram os mais
ricos os que mais estimavam a prefeita. A tendência se inverteu desde então. Nada de importante marcou essa
mudança exceto a ascensão de Lula.
Escolões ainda não havia, embora
existam agora. Havia uniforme, material e ônibus para crianças pobres
irem à escola, benefício esnobado por
quem é rico.
Mas a passagem de ônibus é cara.
Há greve demais. Não há avaliação
razoável sobre a saúde. Há rumores
de que as finanças da cidade estejam
desequilibradas. Mas o povo associa
isso a Marta? Importa-se?
Inédito em dez anos, há asfalto novo nas ruas. Mas o povo não anda de
carro, não percebe muito. Remediados e ricos, que agora pagam mais imposto, se irritaram com a prefeita.
Houve fisiologismo e barafundas suspeitas com vereadores do PT. Nenhuma idéia nova apareceu para civilizar
esta cidade feia, de gente rica e bárbara e de mau gosto.
Não se sabe bem o motivo, mas
Marta sai do poço do seu desprestígio
em que caíra no início do ano.
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