São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004

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TRANSIÇÃO RESPONSÁVEL

Tão logo definidos os resultados eleitorais, o prefeito eleito de São Paulo, José Serra (PSDB), e um de seus adversários políticos, o senador Aloizio Mercadante, convergiram em declarações favoráveis a uma transição organizada e pacífica nas diversas prefeituras. Ambos evocaram a experiência bem-sucedida na esfera federal após o pleito de 2002, quando equipes do PT e da administração Fernando Henrique Cardoso foram designadas para trocar informações e coordenar a passagem de governo.
As vantagens desse processo são evidentes, e a principal delas é encurtar o tempo necessário para que os eleitos se assenhorem da realidade que irão administrar, poupando a população dos efeitos negativos da descontinuidade. Se algum senão pode ser levantado a respeito desse modelo é o risco de que dê margem a favores recíprocos e pactos de silêncio em torno de aspectos políticos, financeiros ou administrativos que os partidos envolvidos prefeririam não tornar públicos em detalhes.
O que não é tolerável, por antidemocrático e ofensivo aos mais elementares princípios republicanos, são atitudes pueris de revanchismo e sabotagem que, feitas as contas, voltam-se contra os próprios cidadãos -incluindo-se, obviamente, entre eles a parcela dos que votaram na candidatura derrotada.
Nesse sentido, é de esperar que as declarações do presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Arselino Tatto (PT), em defesa da extinção imediata das taxas criadas pela prefeita Marta Suplicy (PT) sejam, como parece, fruto de uma reação emocional e irrefletida à derrota petista e não a posição oficial do partido.
O candidato José Serra de fato comprometeu-se em rever durante o seu mandato as taxas de lixo e iluminação criadas pela Prefeitura de São Paulo. Não há dúvida de que a população paulistana terá todo o direito de cobrar a realização da promessa, mas antes é preciso que o novo prefeito possa assumir a administração da cidade em ambiente minimamente responsável e civilizado.


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