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Depois do Carnaval
Governo adia para 2008 soluções para crise aérea centrada em Congonhas; até lá, a ameaça de novos transtornos vai continuar
TUDO VOLTA ao normal nos
aeroportos brasileiros.
Mais vôos atrasam e são
cancelados. Sempre
prontos a infligir desconforto ao
usuário, funcionários da Infraero fazem operação-padrão no feriado. O presidente da empresa,
Sérgio Gaudenzi, apela a passageiros para que evitem horários
de pico, mas avisa que o plano
para remanejar vôos na alta estação só fica pronto em duas semanas -antes é preciso "convencer" as empresas de aviação.
Assim caminha a crise aérea na
gestão Nelson Jobim, com pouca
ação e promessas renovadas. Até
uma nova data para o transtorno
terminar já foi anunciada: após o
Carnaval de 2008.
No campo político, a crise também retoma a normalidade. A
base aliada do governo a que Jobim serve fez vingar na CPI do
Apagão Aéreo do Senado um relatório paralelo que livra de indiciamento o antigo presidente da
Infraero, deputado Carlos Wilson (PT-PE). Perdeu o relator
Demóstenes Torres (DEM-GO),
que havia proposto indiciar 23
suspeitos de desviar R$ 500 milhões destinados à infra-estrutura aeroportuária.
Jobim pode até comemorar a
vitória obtida sobre Milton Zuanazzi, que encerrou quarta-feira
um ano e meio de desastrosa gestão na Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Foram três longos meses de escaramuças, em
que o ministro concentrou mais
energias em ejetar o desafeto do
que em avançar parte significativa das tantas idéias aventadas
pelo governo Lula depois do trágico acidente de julho.
Introduziram-se algumas limitações ao tráfego aéreo em Congonhas, é certo. Até a pedra polida do piso do aeroporto paulistano sabia que todas as deficiências convergiam para sua pista
deficiente, excluída da reforma
pela Infraero, que se tornou palco da tragédia do Airbus da TAM
em julho. As cabeceiras ganharam áreas de escape, o que encurtou a extensão disponível para pousos e decolagens e restringiu peso e lotação de aviões.
Era a solução mais óbvia, mais
fácil e por isso mesmo a pior: diminuir a quantidade de passageiros, que chegou ao patamar de 18
milhões por ano em Congonhas,
quando o ideal seriam 12 milhões. Com isso, o preço das passagens deve subir. O sistema involui, o que só não é mais danoso
que crescer em desordem, rumo
ao desastre, como antes.
Do terceiro aeroporto paulista
anunciado por Dilma Rousseff,
no auge da crise, nunca mais se
ouviu falar. O prazo para apresentar o estudo correspondente
esgotou-se no mês passado. A titular da Casa Civil agora fala em
abrir o capital da Infraero e conceder a operação de aeroportos
ao setor privado. Está difícil confiar nas promessas do governo.
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