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MERCOSUL MENOR
A crise financeira por que passam os dois principais integrantes do Mercosul já não pode ser
ignorada pela diplomacia de Brasil e
Argentina. Numa coincidência que
bem ilustra esse ambiente, ainda pleno de incertezas, a visita do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva a
Eduardo Duhalde -o primeiro
compromisso no exterior do petista
após ser eleito- ocorreu no mesmo
dia que marcou o fim do confisco de
depósitos, imposto pelo então ministro argentino Domingo Cavallo
há um ano.
A "irrestrita solidariedade" manifestada por Lula à população argentina veio recheada de frases ambiciosas sobre o Mercosul. O sucessor de
FHC falou em construir uma "verdadeira união aduaneira" e mencionou
a possibilidade da constituição de
uma moeda única no bloco. Porém,
para que se possa um dia atingir tais
objetivos, é preciso descer a uma
agenda mais realista nas relações bilaterais. O Mercosul real sempre foi
menor do que o desenhado pela diplomacia brasileira e menor ainda se
tornou após as crises recentes.
Exercendo na política externa a mania de copiar e magnificar os modelos do Primeiro Mundo, as elites brasileira e argentina quiseram realizar
em poucos anos o que países europeus desenvolvidos levaram 35 anos
para realizar. Nem sequer as principais questões atinentes ao livre comércio no Mercosul estão equacionadas. Mesmo assim partiu-se para
uma açodada união aduaneira -estágio em que as tarifas de importação
de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai seriam unificadas.
Mas a Tarifa Externa Comum (lastro da união aduaneira) está na prática suspensa, dada a quantidade de
exceções que a negam. Melhor seria
reconhecer que TEC, união aduaneira e moeda comum não são assuntos
para o curto prazo no Mercosul. Há,
por exemplo, investimentos em infra-estrutura e em harmonização regulatória que precisam ser feitos antes que a primeira tarefa do Mercosul
(estabelecer um grande e definitivo
laço comercial entre os quatro países) seja dada por cumprida.
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