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FERNANDO RODRIGUES
Uma empulhação no Congresso
BRASÍLIA - O modismo agora no
Congresso é a tese da "coincidência
de mandatos". Trata-se de unificar
as eleições de todos os cargos eletivos do país: vereador, prefeito, deputados, governador, senador e
presidente. Os mandatos passariam
a ter cinco anos, sem reeleição para
os postos executivos.
O Brasil adotou os quatro anos de
mandato com chance de uma reeleição só a partir do pleito de 1998.
Dez anos são insuficientes para determinar se o modelo é bom ou
ruim. Mudar agora só confirmaria a
obsessão nacional pela constante
alteração nas regras -contrariando
o slogan lulista segundo o qual o
brasileiro não desiste nunca.
Adversários do modelo sempre
sacam do coldre o sofisma sobre a
alta taxa de reeleição entre os prefeitos e governadores que disputam
no cargo um segundo mandato.
Mas essa é a lógica do sistema. O ciclo político é de mandatos com oito
anos com uma espécie de mata-burros no meio. Administradores
rejeitados ficam pela estrada.
Marta Suplicy que o diga.
A tese a favor da coincidência de
mandatos pode ser resumida em
dois pontos: 1) o Brasil pára a cada
dois anos, por que as eleições de
prefeitos e de vereadores são separadas das outras, e 2) custa muito
caro fazer tantas eleições.
Primeiro, o Brasil não pára em
ano de eleições. Mais de 5.500 prefeitos foram eleitos em outubro.
Nenhuma cidade entrou em colapso por causa das campanhas. Sobre
o custo das eleições, o valor é bem
menor do que a soma das emendas
ao Orçamento apresentadas por deputados e senadores.
Em democracias desenvolvidas,
quanto mais se vota, melhor. Na cabeça de muitos no Congresso, o raciocínio é o oposto. Querem os eleitores votando menos. Suas excelências seguem em marcha batida para
consolidar aquela triste máxima:
toda vez que um deputado tem uma
idéia, o Brasil piora.
frodriguesbsb@uol.com.br
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