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Obama imita Bush
À DIFERENÇA da invasão do
Iraque, a Guerra do Afeganistão não pode ser questionada quanto à sua legitimidade. Logo após serem atacados pela Al Qaeda em setembro de
2001, os EUA deslocaram militares para a nação centro-asiática,
onde o governo local dava proteção a líderes terroristas. Oito
anos depois, a operação militar
ainda não estabilizou o país.
Como afirmou ontem o secretário da Defesa dos EUA, Robert
Gates, os extremistas do Taleban
e da Al Qaeda se sustentam mutuamente. Se os Estados Unidos
abrirem mão do combate no Afeganistão, as consequências não
serão apenas locais, sendo previsível um aumento da capacidade
de estruturação e articulação
global de grupos terroristas.
Ainda assim, Obama hesitou.
Passaram-se três meses desde
que recebeu o pedido do general
Stanley McChrystal, comandante das forças no Afeganistão, de
aumento das tropas. Anteontem
foi anunciado o destacamento de
30 mil militares ao país, que se
somarão aos quase 70 mil americanos que lá estão, além dos 34
mil soldados de outras nações,
sob o comando da Otan.
O democrata teme a associação entre seu governo e o de
George W. Bush. Obama sofre
pressões contrárias a incursões
militares em seu partido e na sua
base eleitoral. A decisão de aumentar a presença militar, no
entanto, em grande medida o
aproxima de Bush. Em janeiro de
2007, já desgastado politicamente, o republicano decidiu enviar
ao Iraque, curiosamente, o mesmo número de novos combatentes ora previsto pelo democrata:
30 mil homens, um acréscimo de
30% no total das tropas.
Apesar do ceticismo generalizado, a estratégia deu certo. Os
índices de violência baixaram
aceleradamente. Uma delicada
costura política entre grupos em
disputa por poder também ajudou a desarmar os ânimos.
É fato que as diferenças entre
os dois países não são negligenciáveis, e que o fragmentado Afeganistão impõe dificuldades
maiores. Não seria, no entanto,
assistindo ao avanço do Taleban
que Obama alcançaria seu objetivo: ser capaz, em futuro não
muito distante, de anunciar a retirada da maior parte das tropas
americanas daquele país.
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