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FHC NA CORRIDA DE 98
Apesar de uma queda significativa
na avaliação do Plano Real, pode-se
considerar que a opinião geral sobre
o governo Fernando Henrique continua significativamente favorável. Pelo menos é o que indicam as pesquisas Datafolha publicadas hoje.
É verdade que houve uma queda de
10 pontos percentuais na avaliação
ótimo/bom do Plano Real. Entre
aqueles que fizeram curso superior,
essa queda chegou a ser de 18 pontos. No entanto, o Real ainda recebe
nota máxima de 54% dos entrevistados e é ótimo ou bom para o país na
opinião de 69%. É também fato que
FHC não venceria as eleições no primeiro turno, como já havia sido registrado em setembro de 1997. Mas
as intenções de voto no presidente
permanecem praticamente no mesmo nível deste então, por volta de
35%, taxa semelhante àquela dos que
consideram bom ou ótimo o seu governo -37%. Em setembro ela era
de 43%. Mais uma vez, deve ser considerado que a popularidade de FHC
já esteve em nível mais baixo e que
ela tem flutuado em torno de 40%
desde o início do mandato.
É preciso, pois, relativizar os dados
mais recentes, lembrando ainda o
quão circunstanciais são as pesquisas, para se identificar o significado
mais relevante dos números.
FHC chegou ao fim do terceiro ano
de mandato; era previsível algum
desgaste. Desde 1996 notava-se o fim
do processo de transferência de renda que marcou o início do Real. Pesquisas de meados do ano passado indicavam ainda que o país queria algo
além da estabilização da moeda. Essas reivindicações sociais foram percebidas pelo governo, que, em vista
disso, começou a mudar o tom do
seu discurso. Registravam-se então
flutuações, mas não mergulhos, da
taxa de popularidade de FHC. Mesmo agora, depois do crash e da
ameaça da recessão, e considerando
que 57% dos entrevistados não
apoiaram o pacote econômico, a opinião pública ainda está longe de
achar desastroso o governo. Embora
seja significativo que os de maior escolaridade estejam mais insatisfeitos
-nesse aspecto a renda não provoca
um diferencial de opinião-, não se
verifica uma virada contra FHC.
Não obstante, sabe-se que os que
rejeitam a candidatura FHC o fazem
majoritariamente por causa do desemprego; o emprego, aliás, é a principal preocupação dos entrevistados.
Tendo em vista que as perspectivas
da economia devem agravar ainda
mais o problema já estrutural da falta
de trabalho, é possível aí vislumbrar
problemas para a candidatura presidencial à reeleição. Mas esse prognóstico não vai muito além da especulação, pelo menos por ora, previsão ainda menos segura se levada em
conta a impressionante resistência
do prestígio do plano e presidencial.
Uma pesquisa do final de 97 indicava que a maioria dos eleitores estaria
disposta a votar em um "outro" candidato a presidente que não FHC,
mas esse espectro do presidente ainda não existia. É decerto impossível
prever como o governo atravessará o
difícil ano de 98. Mas a aparente falta
de alternativa à vista para o nome de
FHC -o "outro" candidato- e o
fato de a avaliação do presidente ter
resistido às turbulências recentes indicam que ele dá a largada para o ano
eleitoral em situação confortável.
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