São Paulo, domingo, 4 de janeiro de 1998.



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FHC NA CORRIDA DE 98

Apesar de uma queda significativa na avaliação do Plano Real, pode-se considerar que a opinião geral sobre o governo Fernando Henrique continua significativamente favorável. Pelo menos é o que indicam as pesquisas Datafolha publicadas hoje.
É verdade que houve uma queda de 10 pontos percentuais na avaliação ótimo/bom do Plano Real. Entre aqueles que fizeram curso superior, essa queda chegou a ser de 18 pontos. No entanto, o Real ainda recebe nota máxima de 54% dos entrevistados e é ótimo ou bom para o país na opinião de 69%. É também fato que FHC não venceria as eleições no primeiro turno, como já havia sido registrado em setembro de 1997. Mas as intenções de voto no presidente permanecem praticamente no mesmo nível deste então, por volta de 35%, taxa semelhante àquela dos que consideram bom ou ótimo o seu governo -37%. Em setembro ela era de 43%. Mais uma vez, deve ser considerado que a popularidade de FHC já esteve em nível mais baixo e que ela tem flutuado em torno de 40% desde o início do mandato.
É preciso, pois, relativizar os dados mais recentes, lembrando ainda o quão circunstanciais são as pesquisas, para se identificar o significado mais relevante dos números.
FHC chegou ao fim do terceiro ano de mandato; era previsível algum desgaste. Desde 1996 notava-se o fim do processo de transferência de renda que marcou o início do Real. Pesquisas de meados do ano passado indicavam ainda que o país queria algo além da estabilização da moeda. Essas reivindicações sociais foram percebidas pelo governo, que, em vista disso, começou a mudar o tom do seu discurso. Registravam-se então flutuações, mas não mergulhos, da taxa de popularidade de FHC. Mesmo agora, depois do crash e da ameaça da recessão, e considerando que 57% dos entrevistados não apoiaram o pacote econômico, a opinião pública ainda está longe de achar desastroso o governo. Embora seja significativo que os de maior escolaridade estejam mais insatisfeitos -nesse aspecto a renda não provoca um diferencial de opinião-, não se verifica uma virada contra FHC.
Não obstante, sabe-se que os que rejeitam a candidatura FHC o fazem majoritariamente por causa do desemprego; o emprego, aliás, é a principal preocupação dos entrevistados. Tendo em vista que as perspectivas da economia devem agravar ainda mais o problema já estrutural da falta de trabalho, é possível aí vislumbrar problemas para a candidatura presidencial à reeleição. Mas esse prognóstico não vai muito além da especulação, pelo menos por ora, previsão ainda menos segura se levada em conta a impressionante resistência do prestígio do plano e presidencial.
Uma pesquisa do final de 97 indicava que a maioria dos eleitores estaria disposta a votar em um "outro" candidato a presidente que não FHC, mas esse espectro do presidente ainda não existia. É decerto impossível prever como o governo atravessará o difícil ano de 98. Mas a aparente falta de alternativa à vista para o nome de FHC -o "outro" candidato- e o fato de a avaliação do presidente ter resistido às turbulências recentes indicam que ele dá a largada para o ano eleitoral em situação confortável.




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