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ANTÔNIO ERMÍRIO
DE MORAES
Um agradável convívio
SEMPRE ACHEI um enorme
privilégio poder escrever em
um jornal influente e independente e que presta tantos serviços à democracia brasileira como a
Folha de S.Paulo.
Ademais, gosto da palavra escrita. Meu professor de português do
Ginásio Rio Branco, o velho Castelões, via nesse gosto uma possível
carreira de escritor. Previsão errada, aliás, como fazem muitos economistas nos dias de hoje...
Formei-me engenheiro e, como
tal, passei a escrever mais números
do que letras, até que o saudoso
Octavio Frias de Oliveira abriu-me
a página 2 da Folha. Era uma oferta de ouro para quem desejava debater com centenas de milhares de
leitores os grandes temas nacionais. Aceitei na hora.
Os primeiros artigos foram motivo para longas conversas com o
querido Frias, nas quais íamos
muito além dos temas, querendo
consertar o Brasil e o mundo. Senti-me feliz na nova empreita. Mas
faltava a prática. Minhas ideias não
cabiam no espaço do jornal.
Êta coisa irritante! Tive de
aprender a pensar dentro da magreza da coluna. Mesmo assim, de
quando em vez, protestava junto
ao Frias, até que um dia ele me perguntou: por que você não escreve
um livro para contar a sua vasta experiência de empresário, chefe de
uma bela família e colaborador de
tantas obras sociais? A pergunta
me intrigou. Não sabia se era uma
sugestão séria ou mera brincadeira. Fiquei com ela na cabeça. Lembrei-me do Castelões. Mas a mosca
me mordeu. Pensei alguns dias e
decidi: vou escrever uma peça de
teatro. E acabei escrevendo três.
Os atores amigos já tinham me
falado que as ideias transformam-se em verdadeiros torpedos quando expostas num palco, com emoção, música, cenários e figurinos.
Eles estão certos. Com essa moldura, elas penetram fundo e atingem
a alma.
Como aprendiz de dramaturgo e
na forma de ficção, procurei passar
para o público, e em especial para a
juventude, a minha infinita crença
nos valores da humildade, do trabalho, da educação, da ética, da liberdade, da democracia e, enfim,
em tudo aquilo que meus pais me
ensinaram e eu nunca esqueci.
De maneira muito modesta, no
jornal e no teatro, nas empresas e
nas obras sociais, esforço-me para
exercer a cidadania, fazendo propostas, criando empregos e ajudando os necessitados. Para os artigos, meus leitores me alimentam
com excelentes sugestões. Sou
muito grato a todos.
Otavio Frias Filho, ao suceder
seu pai no jornal, acolheu-me com
a mesma amabilidade, fazendo-me
sentir parte da família Frias. Gente
generosa. Competente. Patriótica.
Sou grato a todos, inclusive aos
funcionários da Folha, de quem
espero igual apoio na inauguração
de uma nova fase, na qual pretendo
escrever ocasionalmente, mas com
o mesmo propósito: ajudar a construir um Brasil melhor.
antonio.ermirio@antonioermirio.com.br
ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES ocupou esta coluna
aos domingos desde março de 1991.
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