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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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CLÓVIS ROSSI

A direita deliciada

SÃO PAULO - Fernando Collor de Mello, logo ao assumir, disse que pretendia deixar "a direita indignada e a esquerda perplexa".
Não é que Luiz Inácio Lula da Silva está conseguindo produzir fenômeno inverso? Está deixando a direita deliciada e a esquerda indignada.
Se houvesse alguma dúvida a respeito desse paradoxo, bastaria bater os olhos no "Brazil Alert", boletim periódico sobre o país editado pelo CSIS (Centro para Estudos Estratégicos e Internacionais, uma instituição independente, mas muito mais próxima dos conservadores republicanos do que dos democratas).
O número que saiu ontem diz que "o Brasil parece estar se aproximando de um círculo virtuoso, como contraponto do vicioso do período abril/ outubro de 2002".
"Temos um novo presidente no Brasil, aparentemente bem aceito até mesmo entre os cínicos investidores", completa o texto.
Em troca, o quinzenário "Opinião Socialista", do PSTU (o trotskista Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) propõe, "para acabar com a fome, romper com a Alca, o FMI e Davos, demitir Meirelles e os ministros burgueses e atacar os banqueiros, não a aposentadoria".
Podem dizer que o PSTU é extremamente minoritário, como o demonstram os números eleitorais, mas há uma fatia no próprio PT que parece pensar a mesma coisa. Só não diz porque "está havendo um ambiente de grande torcida pelo governo", como afirmou à Folha Paul Singer, um dos mais admirados (e admiráveis) economistas do partido.
O próprio Singer deve ter dado nó na língua para não fazer alguma observação mais crítica à política econômica, como se percebe nitidamente na entrevista.
Nada contra a "torcida", mas convém sempre lembrar que a direita, neste país, sempre teve muitos motivos para ficar deliciada -satisfação que boa parte dos brasileiros jamais ou raramente desfrutou.


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