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KENNETH MAXWELL
Orçamentos e deficits
O ORÇAMENTO federal dos
Estados Unidos para 2011
chegou ao Congresso nesta
semana. É um volume imenso. E as
projeções que apresenta são leitura cautelar.
Neste ano, o governo Obama calcula que o deficit venha a atingir
US$ 1,6 trilhão, ou o equivalente a
10,6% do Produto Interno Bruto
(PIB). Como apontou o "New York
Times" na terça-feira, esse nível de
deficit não deixa de ter precedentes na história norte-americana.
Durante a Guerra Civil, a Primeira Guerra Mundial e a Segunda
Guerra Mundial, os EUA operaram
com imensos deficits. No entanto,
eles eram considerados como exceções, e a expectativa era a de que
recuassem assim que a paz retornasse e os gastos de guerra se reduzissem. Mas, desta vez, não se antecipa que retornarão em breve a níveis sustentáveis.
De fato, o orçamento projeta
grandes deficits para os próximos
dez anos, e antecipa que começarão a subir acentuadamente uma vez mais em 2019/20.
O orçamento de Obama é de US$
3,8 trilhões e incorpora suas grandes iniciativas políticas, entre as
quais a reforma da saúde, agora incerta. Educação, alimentos e a segurança dos medicamentos, bem
como a pesquisa biomédica, recebem mais verbas. A defesa e a segurança interna também terão mais
dinheiro. Os gastos com a Justiça caem em 13%.
Os republicanos do Congresso
deixaram clara a sua oposição às
propostas de Obama, e as recentes
vitórias do partido em eleições na
Virgínia, em Nova Jersey e em
Massachusetts pouco o incentivam a colaborar.
Nem os democratas nem os republicanos do Congresso parecem
capazes de mobilizar a vontade política necessária para enfrentar de
forma efetiva os perigos que esses
deficits representam para o futuro do país.
Os democratas, por exemplo, se
opõem a cortes nas porções do orçamento reservadas por lei aos gastos previdenciários, e os republicanos não aceitam aumentos de impostos. Enquanto isso, os EUA
continuam a se endividar para cobrir os deficits, a taxas de juros relativamente baixas. E alguns argumentam que as projeções de deficits mais altos não passam disso, de
projeções, e que a realidade muitas vezes prova ser diferente.
Mas resta o fato de que a China é
o principal credor dos Estados
Unidos. E, em 2020, a dívida pública norte-americana terá atingido o patamar de 77% do PIB.
A questão que decorre disso é
aquela que Lawrence Summers
costumava fazer antes de se tornar
o principal assessor econômico do
presidente Obama: "Por quanto
tempo o maior devedor do mundo
pode continuar sendo a maior potência do mundo?".
KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras
nesta coluna.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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