São Paulo, domingo, 04 de abril de 2004

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PAINEL DO LEITOR

CPI e subprocurador
"Pronto! Bastou um subprocurador da República querendo aparecer e o PT vem com a história de armação de golpe contra o governo Lula. Por incrível que possa parecer, são palavras de um ministro da Justiça do calibre do atual e que deve ter dormido mal para dizer algo tão pesado sem medir conseqüências. Agora, mais que nunca, justifica-se uma CPI, para "descobrir" quem arquitetava tal "golpe de Estado"."
Laércio Zanini (Garça, SP)

"A oposição ao governo FHC era feita na base da mobilização popular. Já tucanos e PFL valem-se do próprio aparelho estatal. O escândalo do subprocurador Santoro é o exemplo mais visível."
Marco Antonio Bergamaschi (Campinas, SP)

Na prática
"Nosso presidente Lula aproveita qualquer evento, desde inauguração de fábrica até campeonato de bolinha de gude, para dizer o que os outros precisam fazer para o Brasil crescer. Em lugar de tanto discurso, por que ele não fala menos e simplesmente faz a sua parte?"
Robson Sant'Anna (São Paulo, SP)

Ecos de 64
"Lamentável o artigo "Ecos de 64", de Otavio Frias Filho (Opinião, 1º/4); sua neutralidade lembra o conservadorismo do velho ditado "não sou contra, nem a favor, muito pelo contrário". A realidade pode ser explicada pelo movimento dialético e, nesse sentido, a ação desenvolvida pela luta armada naquela época não pode ser reduzida a simples "ingenuidade", "delírio" ou "aventura criminosa", pois foram justamente os militares que deflagraram a violência e a ruptura da ordem constitucional desde o início do golpe. A opção pela luta armada se deu como possibilidade de negação da ditadura e, embora não tenha sido o melhor caminho, teve sua razão de ser diante de fatos situados e datados, sendo despiciendo adjetivá-los."
Paulo Cesar Ribeiro Galliez (Rio de Janeiro, RJ)

Golpe revisto
"Tenho 23 anos e não vivi a ditadura. Tenho ainda vagas lembranças de algo que só fui entender mais tarde. Contudo, mesmo não tendo vivido ali, sei o quanto de dor esse regime representou aos brasileiros. Assim, chegam a ser desrespeitosas declarações como as do leitor Eriberto Veiga leal ("Painel do Leitor", 1º/4), de que as Forças Armadas estariam protegendo as ameaças vindas "da tentativa de implantação de um regime político incompatível com a nossa vocação de viver em uma sociedade livre e democrática" e de que aqueles governantes estariam agindo de "boa vontade". Gostaria de saber o que há de democrático na prisão de meu pai e muitos outros pelas idéias (subversivas!) que propagavam. E que boa vontade houve quando do assassínio de boa parte deles."
Eduardo Calvert (São Paulo, SP)

É justo
"Na Folha de sexta, a coluna de Luís Nassif (Dinheiro, pág. B3) reproduziu a maravilhosa sentença do juiz Rafael Gonçalves de Paula, que decidia sobre manter presos ou não Saul e Hagamenon, que supostamente haviam roubado duas melancias. O juiz Rafael argumenta que poderia arrolar mil teses humanistas para soltá-los, mas resolve agir em "total desprezo às normas técnicas': "Simplesmente mandarei soltar os indiciados. Quem quiser que escolha o motivo". Meus olhos marejaram. E a esperança me volta. Assim como Rafael no longínquo Tocantins, devem existir muitos outros Rafaéis por aí. Só falta se unirem num mesmo projeto de nação."
José Pascoal Vaz (Santos, SP)

Publicidade oficial
"John Ford, um dos grandes diretores do cinema americano, foi certa vez questionado sobre a veracidade de uma cena que estavam filmando. John Ford simplesmente respondeu: "No cinema, o que aparece na tela é que é a verdade". Partindo dessa premissa, Duda Mendonça arquitetou a filmagem de uma propriedade rural particular de Primeiro Mundo supostamente gerida por um dos programas sociais do governo, a agricultura familiar. O marqueteiro Duda Mendonça devia saber, mas não soube que, na maioria das vezes, a propaganda enganosa, como a mentira, tem perna curta, e essa era bem curta: estava logo ali, em Cotia."
Carlos Eduardo Pompeu (Limeira, SP)

Barbáries
"Tão repugnante quanto os corpos queimados expostos no mais recente massacre do Iraque é a imagem da barbárie da desigualdade brasileira. Nada de novo, só a crescente concentração de renda e riqueza, a erosão da classe média e a subumanização de parcelas cada vez maiores do povo brasileiro. Não defendo nenhuma desapropriação em massa, nenhum "abril sangrento", mas acho que uma hora a panela de pressão explode... e aí eu temo por de quem serão os corpinhos trucidados. Nosso país dispõe de previsão constitucional para a tributação das grandes fortunas; precisamos de urgência na redistribuição da riqueza e da renda. É doloroso demais conviver com a desigualdade, principalmente para quem ainda anda nas ruas, e não nos helicópteros e jatinhos do privilégio."
Ademir Picanço de Figueiredo (São Paulo, SP)

Mais concentração
"Ao ler na Folha que, em 20 anos de crise econômica, o Brasil duplicou número de ricos, pensei estar morando na Suíça. Depois de tanto arrocho, crise, desemprego, recessão, corrupção, desabamentos, enchentes, chacinas e imoralidade administrativa, verificou-se que os ricos dobraram de número, conforme consta do "Atlas da Riqueza no Brasil". Mas faltou um dado importantíssimo na reportagem: e os pobres nesse período? Triplicaram ou quadruplicaram? Um atlas da pobreza no Brasil nunca será editado, pois nenhum dos personagens citados teria condição financeira de adquirir a obra nas livrarias."
Alex Oliveira Rodrigues de Lima (São Paulo, SP)

Sem reação
"Com a manifestação em Buenos Aires de 130 mil argentinos protestando contra a violência que vitimou um jovem naquele país, cheguei, infelizmente, à conclusão de que nós, brasileiros, só sabemos nos reunir para festejar o Carnaval, a Copa do Mundo etc. e que já aceitamos passivamente a violência crescente que assola nosso país. Se o nosso povo tivesse, para se indignar, a mesma capacidade que tem para festejar, certamente nossa realidade hoje seria diferente, tanto no campo político quanto no social. Sorte dos nossos governantes, que devem muito ao Carnaval e ao futebol."
Angelo Scarlato Neto (São Paulo, SP)

Saudação
"No prólogo à edição brasileira do seu novo livro, "Cara, Cadê o Meu País", Michel Moore dirige ao povo brasileiro emocionante saudação, cujo texto imperdível, publicado nesta Folha (Ilustrada, 28/3, pág. E6), deve ser divulgado em todas as salas de aulas das nossas escolas e transcrito nos anais das duas Casas do Congresso."
Oswaldo Catan (São Paulo, SP)


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