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DEBATE ACESSÓRIO
Já foi dito neste espaço que os
métodos de alfabetização são
menos determinantes para o aprendizado infantil do que professores
bem formados e escolas com projeto
pedagógico coerente. As primeiras
conclusões de uma pesquisa com 19
mil alunos em cinco Estados apontam na mesma direção. A melhora
no desempenho depende mais da
consolidação do processo de alfabetização do que de moldes de ensino.
O debate opõe defensores do método fônico a educadores que advogam
a abordagem construtivista. A primeira vertente enfoca a relação entre
letras e fonemas. A criança parte do
código escrito e aprende a associá-lo
ao som correspondente. Já o construtivismo pressupõe outro caminho: o aluno é estimulado a desenvolver hipóteses a partir de textos que
façam parte de seu dia-a-dia até encontrar no código escrito equivalentes para vocalizações que já conhece.
Trata-se de um embate rico e avesso a simplificações, do qual se podem extrair respostas diversas, adaptadas a contextos diferentes. No Brasil, contudo, salta aos olhos o descompasso entre a sofisticação das
propostas pedagógicas e a situação
efetiva do ensino, carente do básico.
Não é o caso de desprezar o debate
e as pesquisas acerca dos métodos de
alfabetização. Mas é preciso conferir
a essa polêmica o status acessório
que ela detém diante da magnitude
dos desafios do ensino básico no
Brasil. Melhorar a qualidade dos
professores, pagar-lhes mais, equipar escolas, estabelecer métodos de
avaliação de ensino mais precisos,
ampliar o tempo que os alunos permanecem em sala de aula continuam
sendo as ações fundamentais.
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