São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2006

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DEBATE ACESSÓRIO

Já foi dito neste espaço que os métodos de alfabetização são menos determinantes para o aprendizado infantil do que professores bem formados e escolas com projeto pedagógico coerente. As primeiras conclusões de uma pesquisa com 19 mil alunos em cinco Estados apontam na mesma direção. A melhora no desempenho depende mais da consolidação do processo de alfabetização do que de moldes de ensino.
O debate opõe defensores do método fônico a educadores que advogam a abordagem construtivista. A primeira vertente enfoca a relação entre letras e fonemas. A criança parte do código escrito e aprende a associá-lo ao som correspondente. Já o construtivismo pressupõe outro caminho: o aluno é estimulado a desenvolver hipóteses a partir de textos que façam parte de seu dia-a-dia até encontrar no código escrito equivalentes para vocalizações que já conhece.
Trata-se de um embate rico e avesso a simplificações, do qual se podem extrair respostas diversas, adaptadas a contextos diferentes. No Brasil, contudo, salta aos olhos o descompasso entre a sofisticação das propostas pedagógicas e a situação efetiva do ensino, carente do básico.
Não é o caso de desprezar o debate e as pesquisas acerca dos métodos de alfabetização. Mas é preciso conferir a essa polêmica o status acessório que ela detém diante da magnitude dos desafios do ensino básico no Brasil. Melhorar a qualidade dos professores, pagar-lhes mais, equipar escolas, estabelecer métodos de avaliação de ensino mais precisos, ampliar o tempo que os alunos permanecem em sala de aula continuam sendo as ações fundamentais.


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