São Paulo, domingo, 04 de abril de 2010 |
Texto Anterior | Índice
PAINEL DO LEITOR O "Painel do Leitor" recebe colaborações por e-mail (leitor@uol.com.br), fax (0/xx/11/3223-1644) e correio (al.Barão de Limeira, 425, 4º andar, São Paulo-SP, CEP 01202-900). As mensagens devem ser concisas e conter nome completo, endereço e telefone. A Folha se reserva o direito de publicar trechos. Leia mais cartas na Folha Online www.folha.com.br/paineldoleitor Evolução "A pesquisa Datafolha sobre as convicções e a percepção da teoria da evolução na população brasileira (Brasil, 2/4) reflete o quadro esperado a partir de dois fatos, o grau de instrução escolar das camadas sociais e o fundo sociocultural da formação da sociedade brasileira. ortanto, pode se esperar que, quando melhora a instrução escolar, um maior número de cidadãos entenderá que a evolução com base na seleção natural é um fato. Livros recentes de Richard Dawkins, Sandro de Souza e Fabio de Melo Sene apresentam de forma brilhante por que evolução é um fato, uma teoria científica comprovada por evidências, e não uma hipótese discutível, como os criacionistas argumentam e futilmente tentam erguer o "desenho inteligente" como contraproposta. Um dos argumentos principais levantados pelos criacionistas contra a teoria da evolução é que a mesma teria uma base não-científica, que não seria cientificamente testável devido ao caráter histórico dos eventos. Errado, não há fóssil em camada geológica errada, não há fóssil de coelho em depósitos cambrianos. E o código genético e o relógio molecular são mais do que evidências claras do processo evolutivo. Dados moleculares como tais podem, a cada momento, ser avaliados cientificamente, ao contrário do que afirma o jornalista Michelson Borges, que considera que evolucionistas utilizam conhecimentos oriundos de "naturalismo metafísico". Levando um passo adiante a discussão sobre teoria de evolução e o envolvimento ou não de Deus na evolução dos seres vivos, pode-se até perguntar se a própria crença em um deus não faz parte da própria evolução da mente humana, como brilhantemente argumentou Pascal Boyer em artigo publicado na revista Nature em 2008." KLAUS HARTFELDER, professor associado da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP (Ribeirão Preto, SP)
"Creio haver erro conceitual na reportagem "59% dos brasileiros acreditam em Deus e também em Darwin" (2/4). A opção escolhida pela maioria, "Os seres humanos se desenvolveram....com Deus guiando esse processo de evolução", não guarda nenhuma relação fundamental com a teoria de Darwin. A teoria darwinista tem dois pilares: mutação ao acaso das espécies e seleção natural. A condição "ao acaso" é fundamental, as mutações são aleatórias, logo, não são guiadas. A seleção, por sua vez, ocorre pelas pressões do meio. Da forma como foi redigida, a opção é apenas uma versão elaborada de criacionismo: Deus guiaria a evolução para implementar seu "design". A evolução seria resultado da vontade divina. Vale lembrar que houve (e há) diversas teorias de evolução. A opção da pesquisa expõe mais uma teoria não-darwinista da evolução. Não vale a afirmação do título da reportagem. Uma alternativa para a pesquisa seria talvez questionar se "os seres humanos se desenvolveram... através de um processo de evolução originalmente criado por Deus". Essa opção representaria a crença dos que idealizam um Deus criador do universo e das leis imutáveis pelas quais é regido. Nessa formulação, o divino não é descartado, mas o universo poderia ser compreendido pela ciência, através do desvendamento das leis naturais criadas por Deus. Albert Einstein aparentemente acreditava em algo do tipo." RICARDO KNUDSEN (São Paulo, SP)
"Sobre o editorial "Entre Deus e Darwin", o editorialista, ao notar que "os católicos sempre estiveram à vontade com interpretações figuradas do Evangelho", poderia ter acrescentado que o papa Pio 12, já em 1950, na encíclica Humanis Generis, esclarecia os fiéis quanto à compatibilidade entre a doutrina católica e a teoria darwinista da evolução. Só rejeitam essa compatibilidade os fundamentalistas protestantes, como os adventistas, pois até mesmo o fundamentalismo católico, representado pela Renovação Carismática, aceita tranquilamente que Deus e Darwin não são obrigatoriamente excludentes." MARIANA CAPPARELLI DE ALMEIDA PASSOS (Teresópolis, RJ)
PAC
Apostilas
Armando Nogueira
Morte no campo
Vagas para idosos
Marina
Leia mais cartas na Folha Online |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |