São Paulo, terça-feira, 04 de maio de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Índios e garimpeiros
"A morte de garimpeiros em Rondônia traz de volta a velha discussão acerca da demarcação dos territórios indígenas. O povo indígena cinta-larga tem sido vítima, assim como centenas de outros grupos, de um genocídio ímpar na história da humanidade. Tudo em nome das frentes de ocupação econômica, do progresso e, no fundo, de uma intolerância cega, que não permite a coexistência pacífica com sociedades diferentes. O que vivenciamos agora é o resultado de longos anos de ausência de uma política indigenista clara, objetiva e dinâmica. A Funai tem de ser reestruturada e readequada à realidade nacional. A ausência de programas efetivos de etnodesenvolvimento cede lugar ao dinheiro fácil que degrada e degenera."
Lídia Meirelles, antropóloga (Uberlândia, MG)

Cultura
"O Ministério da Cultura estranha o tratamento editorial dado pela Folha à reportagem "Gil levou escritor para ver Carnaval" (Brasil, 2/5), que se refere a John Perry Barlow como um amigo íntimo do ministro, como também estranha o tom preconceituoso dado à participação de um interlocutor internacional de peso em uma das festas populares mais importantes e representativas do Brasil. Barlow é considerado um dos mais respeitados intelectuais e defensores da liberdade democrática no ciberespaço, é co-fundador da Eletronic Frontier Foundation e seu cachê por um dia de consultoria não sai por menos de US$ 10 mil. Seus estudos ajudaram a construir uma das políticas mais inovadoras, o projeto Canto Livre, para a criação de um novo modelo de licenciamento musical para troca de músicas na internet. O ministro Gilberto Gil não apenas conseguiu desconto de 90% na passagem aérea de Barlow como também obteve consultorias gratuitas para uma iniciativa pioneira, na qual o Brasil está na linha de frente. Na ocasião, sua visita teve amplo destaque na mídia brasileira, em especial na Folha, que produziu quatro textos sobre o assunto. Já sobre a vinda de 33 cineastas e profissionais de artes visuais ao Palácio do Planalto, o secretário do Audiovisual do MinC, Orlando Senna, esclarece que, no dia 13/10, cineastas de todo o país vieram não somente para ouvir mas para discutir com o presidente Lula as medidas políticas audiovisuais e cinematográficas que estavam sendo tomadas naquele momento."
Luis Turiba, chefe da assessoria de comunicação social do Ministério da Cultura (Brasília, DF)

Resposta dos repórteres Rubens Valente e Eduardo Scolese - A justificativa da viagem enviada pelo próprio ministério ao Congresso Nacional foi a seguinte: "Conhecer e participar com o senhor ministro do nosso Carnaval". Nada falou sobre supostas "consultorias gratuitas". O ministério, durante três dias, não respondeu ao pedido de contato feito pela Folha.

Violência
"A absolvição de Joaquim Roriz por cinco votos a um, além de ser uma vergonha nacional, é a desmoralização do nosso país. É muito difícil digerir a injustiça e tentar ser um cidadão correto com tanto mau exemplo que recebemos das nossas autoridades. Qual exemplo este país vai dar aos meus filhos? Ao ser absolvido, o nosso governador ainda lança a seguinte frase: "Vou retribuir essa decisão trabalhando todos os dias do restante do meu mandato", como se estivesse fazendo algo além da sua obrigação. Manifesto por meio desta carta a minha indignação e repúdio a tal ato de violência, principalmente moral, contra a população brasileira."
Patricia Grams (Brasília, DF)

Israel
"A Conib -Confederação Israelita do Brasil- manifesta o seu repúdio pela publicação do artigo "O Caso Ellwanger" ("Tendências/Debates", pág. A3, 3/5). Além de seu conteúdo -no qual, mais uma vez, o autor não disfarça suas idéias racistas e anti-semitas, imaginando conspirações que envolvem ministros, empresas e ex-deputados-, choca-nos o fato de a Folha, ciente da repercussão e da importância de sua seção "Tendências/Debates", abrir espaço de tamanho destaque para um criminoso, condenado de forma definitiva por nossa Corte Suprema, fato este, aliás, destacado em editorial deste jornal em setembro do ano passado."
Berel Aizenstein, presidente e Fernando Lottenberg, secretário-geral da Conib -Confederação Israelita do Brasil (São Paulo, SP)

Loterias
"Melhor elucidando a questão abordada em reportagem publicada no sábado ("Investigado novo contrato da GTech", Brasil), esclareço que, ao ser questionada especificamente sobre eventual apuração do motivo da concessão de diversas liminares pela então magistrada da 17ª Vara Federal, a entrevistada esclareceu que não seria de sua atribuição apurar fatos relativos à conduta de magistrados e que, em razão de informações prestadas pela Caixa Econômica Federal sobre todas as medidas judiciais que teriam obstado o prosseguimento da licitação, encaminhou tal documentação ao Núcleo de Acompanhamento de Ações Coletivas da Procuradoria Regional da República, solicitando a sua distribuição a um procurador regional integrante do citado núcleo, visando, precipuamente, ao devido acompanhamento no tribunal das decisões que eventualmente estariam a impedir a licitação, bem como a revisão dessas decisões e outras providências que o procurador regional entendesse cabíveis quanto aos fatos em destaque."
Raquel Branquinho P. Mamede Nascimento, procuradora da República (Brasília, DF)

Terras
"Em relação à resposta da assessora de imprensa Myrian Pereira publicada em 28/4 nesta seção, declaro que as informações prestadas não correspondem à realidade nem à posição do secretário da Justiça e da Defesa da Cidadania, Alexandre de Moraes, que tem acompanhado o esforço conjunto do Incra e do Itesp para solucionar os problemas agrários no Estado."
Mônica Zebral Quiquinato, assessora de comunicação do Incra-SP (São Paulo, SP)

História
"Para defender José Dirceu no caso Waldomiro ou João Capiberibe das acusações do TSE, seus aliados usam um argumento em comum: "Ele tem uma história". E daí que tenha? Mesmo que eles tenham sido os mais aguerridos defensores das mais nobres causas, isso não significa, de maneira nenhuma, que não tenham cometido uma irregularidade na vida -ou que não possam vir a cometer no futuro. E isso vale para qualquer pessoa. Acho estranho ver pessoas inteligentes como Fernando Morais (defendendo Dirceu) e Pedro Simon (defendendo Capiberibe) usarem esse argumento tolo. A implicação disso é a divisão das pessoas em "boas" e "más". Uma pessoa que já mostrou ser "boa" não poderia jamais cometer uma ação "má". É esse o modo adequado de julgar as ações de nossos representantes?"
João Ricardo de Mendonça Oliveira (Campinas, SP)


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