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Editoriais
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A crise britânica
NO MESMO dia, três membros do gabinete do premiê britânico, Gordon
Brown, anunciaram que vão renunciar aos cargos. O episódio de
anteontem acentua o desgaste
do líder trabalhista, que assumiu
há dois anos. Somada ao vertiginoso impacto do escândalo de
malversação de verbas no Parlamento, a notícia das renúncias
dá um forte sinal de que seu governo atravessa o pior momento.
Os gastos fúteis ou irregulares
perpassaram todo o espectro político britânico e provocaram a
queda do presidente da Câmara
dos Comuns, Michael Martin,
além de um vice-ministro da
Justiça e vários parlamentares.
A crise, sobretudo, serviu como estopim para um bombardeio, na esfera política e na opinião púbica, contra a gestão
Brown. Após 12 anos de governos
do Partido Trabalhista e desgastes que se empilham desde o antecessor, Tony Blair, a tradicional agremiação de centro-esquerda tenta, em meio à nova
derrocada, se dissociar da figura
do premiê. A saída dos ministros
ocorre num contexto em que o
partido de Brown parece entregar o premiê à própria sorte.
No final de 2008, beneficiado
pela resposta rápida à eclosão da
crise financeira, Brown parecia
ganhar sobrevida. Mas, pelo visto, tratou-se de impressão passageira: o encolhimento econômico de 1,9% no primeiro trimestre
do ano e a maior taxa de desemprego dos últimos 13 anos ajudaram a debilitar a popularidade do
primeiro-ministro.
O premiê tem resistido aos
apelos pela antecipação das eleições. O prazo-limite para a realização do pleito é junho de 2010.
Enquanto isso, os conservadores
abrem larga vantagem. David
Cameron, a jovem face da centro-direita britânica, volta a fazer sombra a Brown, desafiando-o publicamente.
Se as eleições fossem hoje, segundo as pesquisas de opinião,
ocorreria uma vitória acachapante dos conservadores.
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