São Paulo, quinta-feira, 04 de junho de 2009

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Editoriais

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A crise britânica

NO MESMO dia, três membros do gabinete do premiê britânico, Gordon Brown, anunciaram que vão renunciar aos cargos. O episódio de anteontem acentua o desgaste do líder trabalhista, que assumiu há dois anos. Somada ao vertiginoso impacto do escândalo de malversação de verbas no Parlamento, a notícia das renúncias dá um forte sinal de que seu governo atravessa o pior momento.
Os gastos fúteis ou irregulares perpassaram todo o espectro político britânico e provocaram a queda do presidente da Câmara dos Comuns, Michael Martin, além de um vice-ministro da Justiça e vários parlamentares.
A crise, sobretudo, serviu como estopim para um bombardeio, na esfera política e na opinião púbica, contra a gestão Brown. Após 12 anos de governos do Partido Trabalhista e desgastes que se empilham desde o antecessor, Tony Blair, a tradicional agremiação de centro-esquerda tenta, em meio à nova derrocada, se dissociar da figura do premiê. A saída dos ministros ocorre num contexto em que o partido de Brown parece entregar o premiê à própria sorte.
No final de 2008, beneficiado pela resposta rápida à eclosão da crise financeira, Brown parecia ganhar sobrevida. Mas, pelo visto, tratou-se de impressão passageira: o encolhimento econômico de 1,9% no primeiro trimestre do ano e a maior taxa de desemprego dos últimos 13 anos ajudaram a debilitar a popularidade do primeiro-ministro.
O premiê tem resistido aos apelos pela antecipação das eleições. O prazo-limite para a realização do pleito é junho de 2010. Enquanto isso, os conservadores abrem larga vantagem. David Cameron, a jovem face da centro-direita britânica, volta a fazer sombra a Brown, desafiando-o publicamente.
Se as eleições fossem hoje, segundo as pesquisas de opinião, ocorreria uma vitória acachapante dos conservadores.


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