São Paulo, quinta-feira, 04 de julho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Paisagismo
"A reportagem "Marta compra planta até 5 vezes mais cara" (Cotidiano, pág. C1, 30/6) baseia-se em vários equívocos. O título da reportagem refere-se ao preço estimado em edital de licitação do Centro de Bairro 2 para a palmeira imperial. Preço que foi, na verdade, de R$ 2.000, e não R$ 2.600 -houve erro de interpretação do jornal na leitura de planilha. Mas isso para uma palmeira adulta, com tronco de oito a 12 metros, conforme consta do edital. O preço cotado pela Folha na Mudas Meurer -R$ 450- corresponde a uma muda (não a uma árvore adulta) com tronco de apenas 2,5 a 3,5 metros. E esse preço não inclui os custos de plantio, conforme novo orçamento especificado da própria Mudas Meurer. Confundiu-se também a altura total da palmeira com a altura do tronco. Ou seja, a reportagem elevou indevidamente o preço estimado na licitação -de R$ 2.000 para R$ 2.600- e, depois, comparou-o com o preço encolhido de uma simples muda, chegando, com essa distorção, ao cálculo pelo qual "Marta compra planta até 5 vezes mais cara". O mesmo critério equivocado repete-se nos outros orçamentos citados pelo jornal -da Floricultura Campineira e da Flora Tropical, cujas versões corretas também obtivemos. A reportagem confunde o preço estimado por unidade de cada tipo de palmeira nos editais de licitação como se fosse o preço a ser efetivamente pago ao licitante vencedor da concorrência pública, duas coisas totalmente distintas. O preço estimado no edital é uma referência do poder público baseada em um certo número de cotações de mercado. Mas a própria lógica da licitação, sua razão de ser, é justamente buscar, pela disputa concorrencial entre os licitantes e por sua relação com o mercado global, os preços mais baixos possíveis, ganhando a licitação aquele que apresentar o menor preço total -composto de preços unitários mais reduzidos. Mesmo que o preço estimado no edital de licitação estivesse acima da média de mercado, como supôs a reportagem (e, como se viu, não está), o preço a ser de fato pago não seria esse, mas, sim, aquele proposto pelo licitante vencedor, o qual, nas licitações encerradas da Emurb, tem sido menor -tanto em valor unitário quanto em valor global, conforme nossos documentos demonstram. Quem "compra", no caso do título da reportagem, também não é a prefeita Marta Suplicy, mas, sim, a Emurb, que, como empresa pública e gestora dos recursos da Operação Urbana Faria Lima, tem autonomia legal para tanto. Todo o processo de licitação, de contratação e de pagamento compete apenas à Emurb, cuja presidência e diretoria respondem, para todos os efeitos, por esses seus atos, dos quais a prefeita não participa. Portanto é igualmente incorreta a informação de que "Marta compra planta até 5 vezes mais cara" quanto à autoria e à responsabilidade institucional em tal compra. Quando fomos ouvidos pelo jornal, a tese central, de sobrepreço, que daria título à reportagem, não nos foi lançada como tal. Se tivesse exposto seus questionamentos à Emurb, dando-nos um mínimo de tempo para checar seus dados e suas premissas técnicas, o jornal evitaria esses erros. Cabe registrar que, em outra reportagem sobre tema delicado, também publicada em edição de domingo (12/5), intitulada "Túnel Fantasma", o jornal procedeu criteriosamente, dando-nos oportunidade de preparar e de apresentar a nossa versão, resultando então em reportagem jornalisticamente equilibrada. Agora não se cumpriu a lógica de que ouvir a outra parte significa expor suas próprias teses e questionamentos ao crivo do contraditório em nome da boa informação ao leitor, e não um mero registro isolado da outra posição. Quanto aos questionamentos técnicos dos projetos de paisagismo e seus procedimentos de implantação, oportunamente ofereceremos nossas respostas."
Maurício Faria, presidente da Emurb - Empresa Municipal de Urbanização (São Paulo, SP)

Nota da Redação - Leia abaixo a seção "Erramos".

Telecomunicações
"A reportagem "Teles não cumprem meta, e Anatel não multa" (Dinheiro, pág. B6, 24/6) contém uma declaração minha num contexto que distorce totalmente o que eu disse ao jornalista. Em nenhum momento atribuí ou insinuei qualquer culpa da Anatel, como está na reportagem. Apenas constatei que o não-atendimento decorria do fato de a regulamentação das metas de qualidade exigido das concessionárias brasileiras ser uma das mais altas do mundo, o que é muito positivo, pois demonstra que o regulamento procurou assegurar ao Brasil um padrão elevado de qualidade de serviços em telecomunicações. Nesse sentido, a atuação da agência merece todos os elogios de nossa parte. A forma como a reportagem foi publicada, no entanto, não traduz, de modo nenhum, essa opinião que transmiti ao jornalista. Do mesmo modo que tive plena disposição para colaborar quando fui procurada pelo repórter, espero ter minha opinião transmitida ao público de forma correta, sem as interpretações que a distorceram e levaram aos leitores uma informação equivocada dos fatos."
Carla Cico, presidente da Brasil Telecom (Brasília, DF)

Brasil
"Das declarações de George Soros ou do artigo de Fernando de Barros e Silva de 1º/7 ("Tapetão", pág. A2) depreende-se que, além de ter vendido as empresas do país, o governo FHC, com o imenso apoio parlamentar que teve, vendeu também a nossa precária democracia. Tudo em troca da falsa estabilidade do real -que, aliás, está valendo quantos dólares mesmo? FHC, com a sua arrogância característica, há oito anos nos vem classificando de neobobos, de caipiras e de fracassomaníacos. Mas encerra o seu governo deixando o Brasil com uma cara pior do que a que tinha no final do governo Sarney."
José Menezes Netto (Macaé, RJ)

Marcelo Fromer
"À procura da coerência, sempre tentei manter a lucidez, buscando separar dores pessoais do acontecimento que levou à morte do Marcelo. Entretanto a apresentação do atropelador como temeroso do poder econômico e do seu comportamento absolutamente imoral (carta vencida, moto vendida em seguida ao acidente, evasão após a chegada de socorro) como aceitável causa-me a maior indignação. Desde o princípio da situação, posicionei-me, sem ignorar a imprudência de Marcelo, procurando o Estado e seus representantes, pensando na possibilidade de podermos viver numa cidade menos hostil. Desnecessário dizer como se comportam os motoboys (obviamente nem todos) e o poder público em relação a mais este problema da cidade."
Lúcia Kairovsky, mãe de Marcelo Fromer (São Paulo, SP)

Eleições
"Ao ler a reportagem sobre o vice na chapa de Paulo Maluf ("Maluf escolhe dono da Uniban para vice", Brasil, pág. A7, 2/7), minha primeira reação foi rir. Não aquele riso maroto de alguém que não entendeu a piada. Foi aquela gargalhada típica de uma final de "Copa do Mundo de Piadas". As causas da mina de dinheiro que são as universidades privadas são a má qualidade e o desmonte das públicas. Que interesse teria um reitor de uma universidade privada em mudar esse quadro e jogar contra seu reinado?"
Luciano Garcia Resende (São Paulo, SP)



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