São Paulo, sexta-feira, 04 de julho de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES O auditório do Ibirapuera
OSCAR NIEMEYER
Falam, ainda, dos problemas do tráfego, que, dizem, vão se agravar, e das árvores existentes. Centenas de milhares de pessoas circulam pela região; não será um auditório para 900 pessoa que irá agravar o tráfego; e, quanto às árvores, o auditório está projetado há mais de 50 anos, por que não as colocaram em outro local? Mesmo assim não há problema; Em Brasília, para a construção do Museu do Índio, mudamos de lugar muitas mangueiras, sem maiores dificuldades. O mesmo pode se fazer no Ibirapuera. Agora, impossibilitado de comparecer à audiência convocada pelo juiz Rômulo Russo Jr., que, zeloso, quer ter esclarecimentos de ambas as partes -antes de tomar uma decisão-, achei útil escrever este texto. É claro que eu poderia acrescentar argumentos já conhecidos pelo povo, inclusive dizer que não se justifica, em hipótese nenhuma, deixar inacabada a entrada daquele parque tão importante para São Paulo. Ainda mais quando, graças à competência da prefeita Marta Suplicy, a execução do auditório se fará sem gasto de dinheiro público. No momento em que surge uma mobilização de arquitetos e artistas da Inglaterra para que o pavilhão por mim projetado para o Hyde Park, em Londres, de caráter efêmero, aí permaneça; em que vai se iniciar em Ravello, com muito entusiasmo, o teatro por mim desenhado; e em Moscou me pedem projetar um monumento pela paz, sinto com desagrado essa falta de respeito com que tratam um projeto aprovado há meio século, assinado por mim e meus colegas Kneese de Melo, Lotufo e Hélio Uchoa. Oscar Niemeyer, 93, arquiteto, é um dos criadores de Brasília. Tem obras edificadas na Alemanha, Argélia, EUA, França, Israel, Itália, Líbano e Portugal, entre outros países. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Aloizio Mercadante: A cartola da intolerância Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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