São Paulo, quarta-feira, 04 de julho de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Docentes em falta

RELATÓRIO da Câmara da Educação Básica do CNE (Conselho Nacional de Educação) divulgado ontem estima haver um déficit de 235 mil professores no ensino médio no país. É uma situação bastante grave. Os próprios autores reconhecem que, se nada for feito, o Brasil viverá nos próximos anos um "apagão do ensino médio".
Não é difícil compreender a escassez de pessoas dispostas a tornar-se professores. É uma carreira mal remunerada, pouco valorizada e que exige bastante de seus profissionais, muitas vezes submetidos a péssimas condições de trabalho.
Agora, com a introdução do Fundo da Educação Básica (Fundeb), existe a possibilidade de que as coisas comecem a mudar, ainda que muito lentamente. Já se fala na criação de um piso salarial nacional, e a perspectiva é a de que os recursos para a área aumentem paulatinamente.
O problema é que qualquer mudança a partir de agora já chegará com atraso. Tome-se o caso da física. São necessários 55 mil professores dessa matéria, mas, entre 1990 e 2001, as faculdades só formaram 7.216 licenciados na área. A situação é apenas um pouco menos grave em química, biologia e matemática.
Não é possível, pois, depositar todas as esperanças em reformas estruturais que se tornariam possíveis com o Fundeb. É preciso também adotar medidas emergenciais. Os autores do relatório sugerem várias, como contratar profissionais liberais, aproveitar alunos de licenciaturas e estimular professores da rede a retardar a aposentadoria.
Deve-se acrescentar a essa lista a possibilidade de Estados e prefeituras pagarem mais a docentes das matérias cuja escassez é maior, bem como pagar mais a professores com melhor desempenho. É preciso que a carreira volte a ser atrativa, ou o país estará condenado ao atraso.


Texto Anterior: Editoriais: Esconde-esconde
Próximo Texto: Lisboa - Clóvis Rossi: A conspiração vitoriosa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.