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Melhorar o transporte
Apesar dos avanços recentes, rede pública de São Paulo precisa ampliar metrô, modernizar trens e reformar seus corredores de ônibus
Por onde quer que vá, e mais
ainda quando não sai do lugar, o
paulistano se depara com os
enlouquecedores problemas do
trânsito e do transporte público de
sua cidade. Esta talvez seja a principal característica a uniformizar
a vida coletiva no maior centro urbano e econômico do país.
Intermináveis engarrafamentos
impõem aos motoristas longas
viagens de volta para casa, ao final de cada dia, à velocidade média de 15 km/h -e a ainda exígua
extensão do metrô não permite
que a locomoção sobre trilhos seja
uma alternativa real para os proprietários de automóveis.
A maior parte da população,
que vive nas franjas da cidade e
trabalha no centro, trafega com
desconforto em linhas de ônibus
mal distribuídas e faixas exclusivas em que não se superam os 20
km/h, em média, nos horários de
pico. Também os trens circulam
abarrotados. Desde 2005, a média
diária de passageiros transportados cresceu 70%, contra um aumento de 30% no total de viagens.
É verdade que houve progressos em anos recentes. A adoção do
bilhete único, ao permitir maior
integração entre os diferentes
meios de transporte, reduziu custos, aumentou a mobilidade dos
paulistanos e estimulou o uso de
ônibus, trens e metrô.
Dados da mais recente pesquisa
sobre origem e destino de transeuntes na cidade, realizada em
2007, indicam que -pela primeira
vez em 40 anos- os paulistanos
têm usado mais o transporte coletivo do que o individual.
Parte do aumento da procura
por trens também se explica pelas
melhorias verificadas na qualidade do serviço. Houve redução nos
tempos de deslocamento e nos intervalos entre uma composição e
outra. Os veículos da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) têm se tornado mais limpos, eficientes e seguros. São Paulo ganhou, enfim, um plano de integração do transporte público.
Todavia, apesar do aumento
dos investimentos do governo do
Estado, ainda se espera pela necessária ampliação do meio de
transporte de maior prestígio na
cidade, o metrô. Sua rede de trilhos conta hoje com menos de 70
km de extensão. É pífia sua abrangência, se comparada com as malhas das principais cidades europeias e norte-americanas, que em
vários casos superam os 300 km.
A capital mexicana, cidade que se
aproxima mais da brasileira em
termos de renda e dimensão, conta com quase 200 km de metrô.
Como já havia ocorrido em gestões anteriores, problemas na
construção das novas linhas impediram que o atual governo do
Estado cumprisse todas as suas
promessas eleitorais.
Caberá ao próximo governador
atingir o objetivo de entregar, antes do final do seu mandato, as estações planejadas da linha 4. É
preciso ainda tornar realidade os
projetos de extensão e construção
de novas linhas, muitos dos quais
mal saíram do papel. Esta Folha
propõe como meta dotar a cidade
de pelo menos 100 km de metrô
até 2014, ano da Copa no Brasil.
Não se incluem nessa contabilização os trens da CPTM, a que o
governo promete conferir a mesma qualidade do metrô. Cumpre
perseguir tal objetivo, reduzindo
ainda mais os intervalos entre
uma composição e outra.
Embora crucial para desafogar
o trânsito e conferir maior rapidez
às viagens, o transporte sobre trilhos não representará a solução
de todos os problemas de locomoção em São Paulo. Corredores de
ônibus custam menos e podem ser
feitos mais rapidamente.
Outras reformas se fazem necessárias -mesmo que em prejuízo do motorista particular. O aumento da velocidade do fluxo de
coletivos exige a construção de espaço para ultrapassagens nos
pontos -evitando esperas inúteis- e também de passagens subterrâneas ou elevadas, que limitem a perda de tempo em entroncamentos. É possível e desejável
iniciar a implementação dessas
melhorias nos dez corredores já
existentes na cidade.
O privilégio concedido aos carros tornou-se insustentável. Para
abater o impacto causado pelo
acréscimo atual de quase mil veículos por dia à frota da cidade, seria necessário construir o equivalente a uma avenida Paulista por
semana. O que se deve fazer, ao
contrário, é desestimular o uso do
automóvel -com a adoção do pedágio urbano e a oferta de meios
públicos de qualidade.
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