São Paulo, segunda-feira, 04 de julho de 2011

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RICARDO YOUNG

Até mais, leitor!

O noticiário econômico tem sido tomado pela discussão da fusão do Pão de Açúcar com o Carrefour. A confusão criada pela operação só não é maior que o curioso destaque dado pela mídia ao fato. Há uma semana, os principais veículos de comunicação debatem a questão da fusão como se fosse assunto de Estado!
Creio que há questões muito mais relevantes a serem discutidas. Mas sou voz dissonante. A questão do "Carrepão", com seus lances de folhetim, parecem ser muito vitais para a economia do país.
Em uma ação magistral para fazer da perda do controle acionário do Pão de Açúcar parecer um ganho para o Brasil, Abilio Diniz hipnotiza a opinião pública.
Tal como um magnífico prestidigitador, ele faz crer que ter o controle de quase 12% do Carrefour mundial justificaria a aplicação de quase R$ 4 bilhões da BNDESPar. E quer ainda que, surpreendida, a empresa francesa Cassino ache isso um bom negócio!
Embora o dinheiro da subsidiária não seja exatamente público, a criação da BNDESPar certamente não foi para consolidar operações de varejo no mercado internacional.
Aliás, é cristalino que não será como sócio minoritário de multinacionais francesas no ramo varejista que o Brasil se afirmará como líder mundial na nova economia emergente. Nela, para dizer o mínimo, as vantagens competitivas são menos óbvias. E assim caminha a nossa mediocridade...
Com este comentário encerro a minha participação semanal como colunista desta Folha. E o faço, paradoxalmente, para reafirmar com o leitor a crença de que estamos diante de um mar de oportunidades trazidas pelas novas dimensões da emergente economia verde, da gestão sustentável e das novas formas de expressão e participação política. Apenas não podemos nos deixar enganar.
Durante este ano, procurei explorar as diversas dimensões desta silenciosa revolução que gradativamente se instala. Procurei fazer desta coluna uma janela para que aspectos nem sempre evidentes dos acontecimentos econômicos, políticos e empresariais fossem abordados pelo prisma da sustentabilidade.
Espero que o leitor, concordando ou não, tenha aproveitado alguns dos meus comentários para a ampliação de sua reflexão sobre estes temas. Se isso tiver acontecido, sinto-me gratificado.
Quero agradecer a esta Folha -que tão diligentemente tem mantido um dos mais importantes espaços de debate democrático do país- pela oportunidade. Quero agradecer a você, leitor, pelo apoio e pela participação.
Despeço-me, porém, com a certeza de que este espaço será ocupado por um(a) colunista que tratará destes temas com competência inequívoca e continuará permitindo que esta janela ofereça um olhar novo e inspirado sobre tudo aquilo que não nos condena à mediocridade. Ao contrário!


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