São Paulo, quarta-feira, 04 de agosto de 2010

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FERNANDO DE BARROS E SILVA

Salvem o tucano-verde

SÃO PAULO - Para quem é tucano e precisa de voto, o Rio de Janeiro está longe de ser uma cidade maravilhosa, cheia de encantos mil. No mais recente Datafolha, José Serra tem 25% das preferências na capital fluminense, contra 40% de Dilma Rousseff e 14% de Marina Silva. No Estado do Rio, a situação é um pouco menos ruim: Serra tem 31%; Dilma, 37%; e Marina, 12%. Em 2002, quando foi derrotado por Lula, Serra teve só 21% dos votos no terceiro colégio eleitoral do país.
O PSDB, desta vez, não tem candidato próprio ao governo na terra do Redentor. Apoia Fernando Gabeira, do PV, numa aliança desconfortável que tem ainda DEM e PPS.
Por razões óbvias, Gabeira também é apoiado por Marina, a quem ele oficialmente dá o seu voto. Serra, ali, acaba sendo uma espécie de "amigo do amigo".
Criou-se no Rio um triângulo pouco amoroso, em que dois presidenciáveis partilham o mesmo nome ao governo. Alguém sempre tem um motivo para torcer o nariz.
Anteontem, Gabeira disse, num desabafo, que, se eleito, se sentia livre para "dar uma banana aos aliados". Era uma resposta aos tucanos, que teriam decidido não bancar os custos do programa de TV dos verdes, pelo menos nos termos acertados, uma vez que Gabeira não estaria cumprindo seu papel.
Ontem, Gabeira e Serra estiveram juntos em São Paulo. Tentavam aparar as arestas. A situação, no entanto, é tensa, até porque o governador Sérgio Cabral (PMDB), candidato de Dilma, tem 53% e pode ser reeleito no primeiro turno.
No cerne deste mal-estar, tudo indica insolúvel, está o fato de que Serra e Marina, ambos atrelados a Gabeira, disputam o mesmo eleitorado, o que os números estão a evidenciar. A candidatura Marina faz o tucano sangrar especialmente no Rio de Janeiro. Não é por outra razão que o demista Cesar Maia chama a candidata verde de "Heloísa Helena 2", enquanto Alfredo Sirkis, presidente do PV local, diz ver no tucano um "cavalo paraguaio".


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