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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Salvem o tucano-verde
SÃO PAULO - Para quem é tucano e
precisa de voto, o Rio de Janeiro está longe de ser uma cidade maravilhosa, cheia de encantos mil. No
mais recente Datafolha, José Serra
tem 25% das preferências na capital fluminense, contra 40% de Dilma Rousseff e 14% de Marina Silva.
No Estado do Rio, a situação é um
pouco menos ruim: Serra tem 31%;
Dilma, 37%; e Marina, 12%. Em
2002, quando foi derrotado por Lula, Serra teve só 21% dos votos no
terceiro colégio eleitoral do país.
O PSDB, desta vez, não tem candidato próprio ao governo na terra
do Redentor. Apoia Fernando Gabeira, do PV, numa aliança desconfortável que tem ainda DEM e PPS.
Por razões óbvias, Gabeira também é apoiado por Marina, a quem
ele oficialmente dá o seu voto. Serra, ali, acaba sendo uma espécie de
"amigo do amigo".
Criou-se no Rio um triângulo
pouco amoroso, em que dois presidenciáveis partilham o mesmo nome ao governo. Alguém sempre
tem um motivo para torcer o nariz.
Anteontem, Gabeira disse, num
desabafo, que, se eleito, se sentia livre para "dar uma banana aos aliados". Era uma resposta aos tucanos, que teriam decidido não bancar os custos do programa de TV
dos verdes, pelo menos nos termos
acertados, uma vez que Gabeira
não estaria cumprindo seu papel.
Ontem, Gabeira e Serra estiveram juntos em São Paulo. Tentavam aparar as arestas. A situação,
no entanto, é tensa, até porque o
governador Sérgio Cabral (PMDB),
candidato de Dilma, tem 53% e pode ser reeleito no primeiro turno.
No cerne deste mal-estar, tudo
indica insolúvel, está o fato de que
Serra e Marina, ambos atrelados a
Gabeira, disputam o mesmo eleitorado, o que os números estão a evidenciar. A candidatura Marina faz o
tucano sangrar especialmente no
Rio de Janeiro. Não é por outra razão que o demista Cesar Maia chama a candidata verde de "Heloísa
Helena 2", enquanto Alfredo Sirkis,
presidente do PV local, diz ver no
tucano um "cavalo paraguaio".
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