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CLÓVIS ROSSI
A mão suja de óleo
SÃO PAULO - O jornal britânico
"Financial Times" já vê no horizonte o barril de petróleo a US$ 100.
Mais: Carl Weinberg, economista-chefe da consultoria HFE ("High
Frequency Economics"), escreve,
no site do mesmo jornal, que o preço chegará logo a US$ 95, "sinalizando o fim da bolha de preços do
petróleo de 2008".
É verdade que previsões de economistas devem ser sempre tomadas com pinças. Cansei de vê-los fazer afirmações que os fatos desmentiam, logo adiante, sem que
emitissem um "erramos".
Ressalva à parte, são nítidos os sinais de que o preço do petróleo vai
cair. Falta só explicar por que atingiram um pico de US$ 145 em julho
para, menos de dois meses depois,
sofrerem queda de 35%. A única explicação parece ser o cassino.
Vejamos: julho é verão no hemisfério Norte, o que significa dizer
que não há necessidade de óleo para
a calefação. Setembro, ao contrário,
é o mês em que começa o outono, o
friozinho vai se instalando e, portanto, aumenta o consumo. Agosto
é mês de férias bravas na Europa/
Estados Unidos. Na Europa, mil e
um negócios pura e simplesmente
fecham. Logo, consomem menos
energia.
Do lado da demanda, portanto,
não parece haver justificativa para
o pico do preço. Do lado da oferta,
nem aumentou nem diminuiu
substancialmente do pico da bolha
ao seu fim (suposto ou real).
Parece evidente que a disparada
de preços teve muito a ver, portanto, com apostas no cassino financeiro. Aliás, um fundo norte-americano de hedge, o Ospraie Management, foi para o brejo exatamente
porque caíram os preços -e não só
o do petróleo mas o de outras commodities nas quais apostara (fizera
hedge, no jargão).
Vê-se, pois, que a mão (invisível?)
do mercado pode afagar, mas também pode causar danos formidáveis, como ocorreu (e ainda ocorre)
no caso do petróleo.
crossi@uol.com.br
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