|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Ar mais limpo
POLUIÇÃO do ar constitui assunto de interesse geral, seja pelos efeitos diretos na
saúde, seja pela contribuição ao
aquecimento global. Desde 1986
o Brasil conta com um programa
-o Proconve- de controle das
emissões veiculares, principal
fonte dos gases e partículas que
contaminam o ar das cidades.
Na quarta-feira, o Conselho
Nacional do Meio Ambiente
aprovou a chamada fase L6 do
programa. Ela deve cortar em 1/3
a produção de poluentes por carros de passeio novos, mas só a
partir de janeiro de 2013.
Tal redução valerá de início para veículos de passageiros a diesel, ou seja, alguns poucos modelos de caminhonete. O grosso da
frota se compõe de veículos leves
a gasolina e álcool, para os quais
os novos padrões passam a vigorar um ano depois, em 2014. Nos
dois casos, eles já começarão duplamente defasados.
Em primeiro lugar, a estipulada emissão de 1,3 grama de CO
-monóxido de carbono, notório
agressor do aparelho respiratório- por quilômetro rodado supera o que já vige na União Europeia desde 2005. Lá, vale o máximo de 1 g/km.
Sem dúvida haverá redução
das emissões, mas claro está
também que elas poderiam cair
ainda mais. Sendo a indústria automobilística uma das mais globalizadas, parece duvidoso o argumento de que subsidiárias nacionais precisam de tantos anos
para adaptar a tecnologia de motores. Afinal, já produzem aqui
carros que emitem menos e os
exportam para a Europa. Só precisariam ajustá-los para rodar
com o combustível nacional, em
geral de qualidade mais baixa.
Além disso, a frota não para de
crescer. Bastam poucos anos para a circulação de mais veículos e
o concomitante aumento da lentidão do trânsito anularem o ganho obtido. O governo federal, já
se vê, desperdiçou uma boa
oportunidade de obter compromissos mais exigentes dos fabricantes em contrapartida pela recente redução do IPI.
Se é para evitar danos à saúde,
cumpre reduzir a carga de poluição em termos agregados, não só
por veículo. Essa, sim, deveria
tornar-se a meta do país.
Texto Anterior: Editoriais: O conto do Orçamento Próximo Texto: Londres - Clóvis Rossi: Sinceridade e popularidade Índice
|