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Riscos para a indústria
O aumento do deficit comercial
no setor de bens manufaturados
-US$ 14,3 bilhões nos primeiros
seis meses de 2010, contra apenas
US$ 2,1 bilhões no mesmo período
de 2009- tem despertado preocupações por se concentrar cada vez
mais na faixa de produtos com elevado componente tecnológico.
Relatório recente do Instituto de
Estudos para o Desenvolvimento
Industrial (Iedi) mostra que o deficit em segmentos como os de eletroeletrônica, química, bens de
capital e equipamentos de transporte atingiu US$ 28,5 bilhões entre janeiro e junho deste ano. Foi
um crescimento de mais de 50%
em relação aos mesmos meses do
ano passado.
Por outro lado, o Brasil é amplamente superavitário na comercialização de mercadorias de baixo
conteúdo tecnológico e de commodities. Não se trata de depreciar
as exportações de minérios e produtos agrícolas, frentes nas quais
o país investe em pesquisa e é
competitivo. Sem elas, não se sustentariam importações que trazem benefícios para a economia.
É preciso no entanto atentar para as possíveis consequências da
especialização nesses setores, em
detrimento da indústria inovadora e sofisticada. A incorporação de
tecnologia é essencial para criar
empregos de qualidade. Trata-se
de um investimento que exige escala e, portanto, um forte componente exportador -que não se vê.
Premidas por custos e pelo câmbio valorizado, empresas brasileiras veem-se atraídas pela pujança
do consumo interno e se distanciam dos mercados globais -cuja
demanda, aliás, ainda sofre com
os desdobramentos da crise. Mas
o conforto propiciado pelo dinamismo doméstico poderá se mostrar transitório, com a ação agressiva de competidores asiáticos e
dos países desenvolvidos, na tentativa de fugir da recessão.
Discute-se hoje sobre até que
ponto se pode falar em ameaça de
desindustrialização. É cedo para
dizer, mas não há dúvida de que,
mantidas as tendências atuais, os
riscos de que ela se materialize em
anos vindouros são consideráveis.
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