São Paulo, sábado, 04 de setembro de 2010

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FERNANDO RODRIGUES

Baixo impacto

BRASÍLIA - Só houve um assunto no mundinho da política nesta semana: o "receitagate", com o vazamento sistemático de sigilos fiscais de centenas de contribuintes brasileiros, incluindo tucanos e a filha do candidato do PSDB a presidente, José Serra. Telejornais trataram do assunto extensivamente.
No horário eleitoral, Serra tentou três enfoques. Primeiro, reforçou um traço negativo histórico do PT: a sigla seria dominada por "aparatchiks" dispostos a tudo. Segundo, veio a vitimização do candidato e de sua família. Terceiro, a estratégia do medo: "Se fazem isso na campanha, o que farão se Dilma Rousseff ganhar a eleição?".
Tudo considerado, nada teve efeito até o momento nas taxas de intenção de voto. Levantamento do Datafolha realizado em todo o país nos dias 2 e 3 mostra apenas oscilações dentro da margem de erro, todas sempre a favor de Dilma.
A petista foi de 49% a 50%. O tucano oscilou de 29% para 28%. A diferença entre ambos era de 20 pontos há uma semana. Agora é de 22 pontos. Marina Silva (PV) segue firme com seus 10%. Em algumas regiões, começa também a ser percebida uma aproximação entre a candidata verde e o nome do PSDB.
O baixo impacto eleitoral do "receitagate" é atribuído por analistas petistas e tucanos ao alto grau de complexidade do escândalo. Se pessoas instruídas que pagam impostos sabem muito bem o que é ter sua vida devassada pela Receita Federal, a legião de milhões de beneficiários do Bolsa Família sequer declara Imposto de Renda.
Nunca é demais lembrar que o caso dos aloprados, de 2006, só surgiu em 15 de setembro daquele ano. Demorou duas semanas para decantar. Empurrou Lula para o segundo turno, mas o petista acabou mesmo assim vencendo.
Na disputa atual, por enquanto, o caso abraçado pelos tucanos para anabolizar Serra ainda não demonstrou ter octanagem para alterar o rumo da eleição.

fernando.rodrigues@grupofolha.com.br


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