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FERNANDO RODRIGUES
Baixo impacto
BRASÍLIA - Só houve um assunto
no mundinho da política nesta semana: o "receitagate", com o vazamento sistemático de sigilos fiscais
de centenas de contribuintes brasileiros, incluindo tucanos e a filha
do candidato do PSDB a presidente,
José Serra. Telejornais trataram do
assunto extensivamente.
No horário eleitoral, Serra tentou
três enfoques. Primeiro, reforçou
um traço negativo histórico do PT: a
sigla seria dominada por "aparatchiks" dispostos a tudo. Segundo,
veio a vitimização do candidato e
de sua família. Terceiro, a estratégia do medo: "Se fazem isso na
campanha, o que farão se Dilma
Rousseff ganhar a eleição?".
Tudo considerado, nada teve
efeito até o momento nas taxas de
intenção de voto. Levantamento do
Datafolha realizado em todo o país
nos dias 2 e 3 mostra apenas oscilações dentro da margem de erro, todas sempre a favor de Dilma.
A petista foi de 49% a 50%. O tucano oscilou de 29% para 28%. A
diferença entre ambos era de 20
pontos há uma semana. Agora é de
22 pontos. Marina Silva (PV) segue
firme com seus 10%. Em algumas
regiões, começa também a ser percebida uma aproximação entre a
candidata verde e o nome do PSDB.
O baixo impacto eleitoral do "receitagate" é atribuído por analistas
petistas e tucanos ao alto grau de
complexidade do escândalo. Se
pessoas instruídas que pagam impostos sabem muito bem o que é ter
sua vida devassada pela Receita Federal, a legião de milhões de beneficiários do Bolsa Família sequer
declara Imposto de Renda.
Nunca é demais lembrar que o
caso dos aloprados, de 2006, só
surgiu em 15 de setembro daquele
ano. Demorou duas semanas para
decantar. Empurrou Lula para o segundo turno, mas o petista acabou
mesmo assim vencendo.
Na disputa atual, por enquanto,
o caso abraçado pelos tucanos para
anabolizar Serra ainda não demonstrou ter octanagem para alterar o rumo da eleição.
fernando.rodrigues@grupofolha.com.br
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