São Paulo, quinta-feira, 04 de novembro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Voto globalizado já!
"Devo confessar que estive mais atenta às eleições norte-americanas do que ao pleito que definiu quem vai dirigir Curitiba. Com todo o respeito ao destino de nossos bairros, minha vida é bem mais afetada pelos desmandos de Washington que pelos desvarios de nossos prefeitos -e olhe que, em matéria de desvarios nas prefeituras, o nosso país é pródigo. Bush vai traduzir -tão simplistamente quanto sua aparente inteligência permite- o resultado das urnas como uma aceitação à sua terrorista cruzada anti-terrorismo. Agüentemos, pois, o que vem pela frente. É uma lástima que a tal globalização se confine aos limites da economia mundial. Eu quero voto globalizado já! Se o espírito vingador do pai faz com que Bush defina os juros que pago, os produtos que compro, meus preços e exportações, sou merecedora de escolher o presidente dos EUA. Eu e os bilhões de chineses."
Márcia Mendes Ribeiro (Curitiba, PR)

O salvador da pátria
"A vitória de Bush faz parte de um enredo que já está escrito há muito tempo pelos maestros que realmente comandam os EUA. Aquela eleição nada mais é do que uma novela das oito escrita para o gosto dos americanos, na qual o vilão mundial será eleito como o grande salvador da sociedade americana. O presidente eleito fará de conta que manda em tudo, e os americanos, por conveniência, fingirão que acreditam em tudo. O resto do mundo continuará a imaginar que o presidente americano é o demônio sem ter consciência de que ele é um simples testa-de-ferro que defende umas 300 corporações americanas, que, juntas, somam alguns trilhões de dólares e querem dominar a economia do planeta."
Wilson Gordon Parker (Nova Friburgo, RJ)

Eleições 2004
"Para um partido, é sempre péssimo perder uma eleição. Mas o pior para o futuro político desse partido é suas principais lideranças carecerem de sensibilidade para avaliar com objetividade e racionalidade a causa de resultados adversos. Apontar a posição do senador Suplicy como fator para a derrota do PT em São Paulo ("Suplicy ampliou preconceito contra Marta, diz homem forte da prefeita", Brasil, pág. A7) é desconhecer o óbvio: a insatisfação crescente da população com o governo Lula. Se trilhar essa perspectiva do entrevistado, a direção do PT estará promovendo um processo autofágico, do qual resultarão mais vigorosas derrotas."
Marcelo de Aquino, procurador do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

 

"O senador Suplicy tornou-se o alvo dos petistas frustrados com a derrota de Marta. Está claro que o secretário Garreta prestou-se a fazer o serviço sujo, culpando o senador pela perda da prefeitura. Está claro também que os postulantes do PT paulista às eleições para o governado do Estado e para o Senado estão há muito querendo o lugar de Eduardo Suplicy -de longe, o mais digno, correto e merecedor do cargo que ocupa."
Keko Ribeiro (São Paulo, SP)

 

"Achei emocionante o artigo de Elio Gaspari de ontem ("O PT está vivo, na periferia de São Paulo", pág. A5). Meu voto em Marta foi consciente das ações dessa prefeitura na periferia da cidade. PT à parte, as pessoas que conseguiram levar a cabo essas realizações são dignas de aplauso e merecem reconhecimento."
Deborah Zilber, Alto de Pinheiros (São Paulo, SP)

Colégio Eleitoral
"O artigo de Carlos Eduardo Lins da Silva de 1º/11 ("A lógica do Colégio Eleitoral", 'Tendências/Debates') rebaixou os leitores da Folha à condição de faltos de conhecimento. Se para o articulista não faz sentido ridicularizar o Colégio Eleitoral americano, para nós faz muito sentido criticar, construtivamente, a deprimente conseqüência da eleição presidencial de 2000. Aliás, mais do que criticar, faz sentido lastimar, por toda a humanidade democrática, que ela tenha deixado sérias dúvidas quanto à sua honestidade após uma dolorosa quarentena de expectativas, que culminou com a Suprema Corte -por definição, a casa imparcial da lei e da justiça- sobrestando a legítima recontagem de votos."
Tales Castelo Branco, presidente do Instituto dos Advogados de São Paulo -Iasp (São Paulo, SP)

Arquivos
"A reportagem "Chefe de comissão fica no cargo após criticas" (Brasil, pág. A4, 27/10) contém dois pontos registrados imprecisamente. Talvez natural equivoco de interpretação, mas a diferença entre o afirmado e o escrito, por ser fundamental, deve ser esclarecida. Não declarei haver recebido apoio estimulante de Nilmário Miranda, secretário especial de Direitos Humanos. Respondi ao jornalista que, durante a reunião com o ministro, a conversa, não o apoio, fora estimulante em face das já sabidas e divulgadas colisões anteriores. Mesmo porque, se houvesse o apoio de que a comissão necessita, ele não seria estimulante, mas mero cumprimento de dever, pois a lei 9.140 obriga a Secretaria de Direitos Humanos a dar à comissão o apoio necessário. O segundo esclarecimento é o seguinte: ao contrário do publicado, entendo e sempre tenho afirmado que o processo de abertura dos arquivos deve ser urgente, mais rápido que imediatamente, para atender não só à angústia dos familiares mas principalmente às exigências de todas as pessoas que constroem a democracia."
João Luiz Duboc Pinaud, presidente da Comissão Especial dos Mortos e Desaparecidos Políticos (Brasília, DF)

Itaipu
"Em relação à carta do leitor Sílvio Coelho dos Santos ("Painel do Leitor", 11/10), a empresa binacional esclarece que mantém uma ação cuidadosa e antropologicamente orientada em relação ao direito dos indígenas e à gestão territorial. Em 1997, existiam 70 famílias na área do Ocoy, às margens do lago de Itaipu. A empresa adquiriu 1.750 hectares de terra na área Chiripado Añetete, em Diamante D'Oeste (PR), para abrigar parte dessa comunidade. Das 70 famílias 35 permaneceram na área do Ocoy sob responsabilidade exclusiva da Funai. Já em Diamante D'Oeste, a Itaipu Binacional vem desenvolvendo um amplo projeto de apoio à auto-sustentabilidade com respeito à organização econômica e social e à identidade étnica dos guaranis. Os resultados obtidos podem ser considerados inovadores, além de servirem de referência entre os guaranis em todo o país, pois as atuais 44 famílias produzem seus próprios alimentos, como mandioca orgânica, mel de abelha, milho, feijão, cana-de-açúcar, leite etc. A produção excedente é comercializada por meio da associação que é formada pela própria comunidade. Em relação ao problema da falta de espaço na reserva de Ocoy -que nos últimos anos passou a receber um fluxo grande de familiares de guaranis vindos de outras áreas do Brasil, do Paraguai e da Argentina-, a Itaipu, em parceria com a Funai e o Ministério Público, está realizando um estudo antropológico situacional detalhado -com o consentimento dos índios- para ajudar a resolver o problema. Tal estudo deve ser concluído até o final deste mês. Há mais de um ano, foi constituído um comitê gestor formado pela Funai, pelo Ministério Público, pela Itaipu, pela Funasa e por igrejas, universidades, ONGs e representantes da própria comunidade indígena que mantêm discussões e ações concretas para a melhoria da qualidade de vida nas aldeias guaranis do Brasil (Ocoy e Diamante D'Oeste), tendo sido também iniciadas discussões com o Paraguai."
Nelton Miguel Friedrich, diretor de coordenação da Itaipu Binacional (Curitiba, PR)


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