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São Paulo, quinta-feira, 04 de dezembro de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Pertinentes ou não?
"Creio que a questão da falta de chuvas e do nível dos reservatórios de água na Grande São Paulo não esteja recebendo da mídia o tratamento que merece. Diz-se que o sistema Alto Cotia está com pouco mais de 5% de sua capacidade e que o Cantareira está com menos de 2%. Por que, ainda assim, não foi decretado o racionamento? A situação não é crítica, como dão a entender fotos e notas "Panorâmicas" na Folha? Há perigo de falta de água? Nós, consumidores, temos motivos para ficar apreensivos? Quais as justificativas técnicas para o retardamento do racionamento? Minhas perguntas são pertinentes ou não?"
Caio C. Infantini (São Paulo, SP)

Fragmentos da memória
"Expresso minha decepção com a demolição de partes da casa que abriga o Theatro São Pedro, incluindo o museu. Como historiadora e brasileira, lamento muito que fragmentos que fazem parte da memória de São Paulo estejam sendo demolidos devido a interesses financeiros ou, talvez, a desinteresses em patrocinar e em manter instituições culturais e históricas nesse país. E deixo também outro protesto, dessa vez à Folha, pois, apesar de dar destaque a essa notícia, evidenciando-a com foto na Primeira Página (2/12), deixou lacunas ao senso crítico do leitor ao não publicar nenhuma linha sobre o assunto dentro do jornal."
Tatiana Brondi Barros (São Paulo, SP)

Perdão?
"Apelos de perdão para Heloísa Helena? Que piada! Perdoar o quê? A honestidade e a autenticidade? Ela deveria é ser condecorada. Quem precisa de perdão é a cúpula do PT, que não sabe o que faz -se é que faz. Ou sabe? Luiz Carlos Prestes disse que "só quem é de todo ignorante em psicologia política é que desconhece o desserviço que representa para os governos fazer um mártir" ("Prestes estendeu a mão a Vargas em 1942", coluna de Elio Gaspari de 30/11)."
Lauro Caversan (Curitiba, PR)

Se você pretende...
"Sou um pequeno empresário e tenho certeza de que tudo o que se fez e se faz no Brasil vai contra o empreendedor tamanha é a dificuldade que encontramos -impostos, taxas, burocracia sem fim... É como se o governo nos dissesse: "Se você pretende investir no mercado produtivo, empregar e fazer o Brasil crescer, é melhor desistir, pegar o seu dinheirinho e aplicá-lo no mercado financeiro". Tenho um amigo que fez isso há quase 10 anos e agora ri de quem abriu um negócio e quebrou a cara."
Nilson Trivelli, Equilíbrio Mídia e Serviços (Curitiba, PR)

Produção tributada
"O governo Lula precisa se precaver para que a herança maldita do governo anterior não amaldiçoe o seu governo. Em 2003, Lula conseguiu evitar que o navio afundasse. Foram as vitórias macroeconômicas. A partir de 2004, Lula enfrentará outros desafios, e o principal é a vergonhosa concentração de renda. Qualquer iniciativa nesse sentido contraria privilégios. Com o fim da experiência socialista no mundo, o neoliberalismo radicalizou e a concentração de renda aumentou. Na realidade, o mundo está apontando para um só caminho: um Estado transparente, eficaz e sem privilégios assumindo o seu papel de mediador entre capital e trabalho. A tributação forte sobre o lucro, o patrimônio e a herança precisam ser os principais provedores dessa distribuição. Não existe alternativa milagrosa. A classe dominante vem se eximindo de suas responsabilidades e transferindo para os trabalhadores e consumidores a manutenção do Estado. Nos últimos anos, virou dogma tributar a produção."
Antonio Negrão de Sá (Rio de Janeiro, RJ)

Ciência
"O artigo "Mentindo ou escondendo a verdade" ("Tendências/Debates", pág. A3, 30/11), do professor Isaias Raw, merece algumas considerações. Não creio que a confiabilidade da ciência resulte de serem os trabalhos científicos submetidos ao exame de "grupos de especialistas". Ter o seu trabalho aceito pela comunidade pode até ser bom para o ego dos pesquisadores, mas é o confronto das teorias com a realidade que torna a ciência respeitável. E, ao longo da história da ciência, esse confronto tem destruído muito "conhecimento científico" tido como definitivo por tal comunidade. Por isso, uma boa dose de humildade deveria fazer parte da constituição intelectual dos cientistas. Pesquisadores são seres humanos. Supor que um especialista em modificação genética possa ser imparcial a respeito da atividade da qual deriva sua inserção social é ser bastante ingênuo. No caso da soja da Monsanto, muitos especialistas são favoráveis ao seu uso, mas também há pesquisas que apontam alguns problemas (aparecimento, por seleção natural, de pragas resistentes ao herbicida da Monsanto, menor produtividade etc.). É claro, como em muitos outros casos, que se trata de estudar a relação custo-benefício. E salta aos olhos que o único benefício indubitável seja o da Monsanto."
José Alberto Marcondes Machado (Carapicuíba, SP)

 

"Excelente o artigo do professor Isaias Raw de 30/11. Seus argumentos deveriam servir de paradigma para os diversos segmentos da sociedade -ou para alguns de seus membros- para que não combatam o que não conhecem em profundidade. Parabéns, professor, foi um dos melhores artigos que já li neste jornal."
João C. Paiva de Oliveira (São Paulo, SP)

Doações
"Quero cumprimentar a repórter Amarílis Lage pela sensibilidade em traduzir uma situação grotesca que acontece na cidade de São Paulo às vésperas de seus 450 anos ("Subprefeita quer vetar doação de alimentos", Cotidiano, 29/11). O texto informa que a subprefeita de Pinheiros, Beatriz Pardi, quer proibir a distribuição de alimentos para pessoas carentes em um canteiro no bairro de Alto de Pinheiros. Ex-professora e ex-presidente da entidade sindical dos professores estaduais, Beatriz Pardi usava, nos anos 80, um brochinho com a estampa de Karl Marx. E lutava contra o regime e seus representantes, como o prefeito Paulo Maluf. Mesmo Malufs e Pittas não mexeram com a casa do seu Raimundo no canteiro. Meu grande temor é que a fogueira das vaidades que o poder provoca nas mentes dos despreparados suba mais ainda à cabeça da subprefeita, que age apenas burocraticamente. Assim como seu ex-colega sindicalista Ricardo Berzoini tornou-se hoje o inimigo número 1 dos velhinhos brasileiros, espero que Pardi não se torne a inimiga número 1 dos sem-teto de São Paulo. "Por que a prefeitura, em vez de proibir, não ajuda a organizar a distribuição de alimentos?", perguntou sabiamente a moradora Eunice Costa."
Elizabeth Lorenzotti (São Paulo, SP)

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