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Mortes em aceleração
NÃO É APENAS o aumento no
número de homicídios
nos últimos dez anos que
merece atenção da sociedade.
Outro tipo de morte violenta
também cresce de forma preocupante: os óbitos no trânsito.
Estatísticas da OEI (Organização dos Estados Ibero-Americanos), publicadas na semana passada, mostram que 36 mil brasileiros morreram em acidentes
relacionados a veículos em 2004.
O mais grave é que, após diminuição dos óbitos com a aprovação do Código de Trânsito em
1988, o número voltou a aumentar a partir de 2000. Em 2004,
voltou aos patamares de 1997.
Enquanto os homicídios cresceram 6,7% (3.031 novos casos)
de 2000 a 2004 -e agora apresentam tendência de queda-, as
mortes no trânsito aumentaram
20,4% (6.034 novos casos).
Entre os fatores que explicam
esse fenômeno estão o afrouxamento da fiscalização e a impunidade, impulsionada pelo surgimento de uma indústria de recursos de multas e a série de
anistias irrestritas que vêm beneficiando motoristas faltosos.
Outro dado relevante é que a
frota de motocicletas -menos
seguras que carros- teve forte
aumento. Em 1993, foram vendidas 68 mil motos. Dez anos depois, a cifra escalou para 848 mil.
Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada
(Ipea) divulgado no ano passado
estimou que cada acidente representava um custo médio de
R$ 59 mil ao país. Em caso de
morte, o prejuízo aumentava para R$ 418 mil. Por ano, o ônus do
trânsito violento monta a R$ 22
bilhões, ou 1,2% do PIB.
A retomada da letalidade no
trânsito seria evitada se o país tivesse se preparado para absorver
o aumento da frota -melhorando fiscalização, sinalização e infra-estrutura e mantendo o rigor
na aplicação de multas. Com isso, economizaríamos preciosos
recursos e, mais importante,
pouparíamos milhares de vidas.
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