|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
editoriais@uol.com.br
Devagar com o IPI
O GOVERNO federal cogita
estender por três meses a
redução de IPI para automóveis novos. Tal medida mostrou-se eficaz para reativar um
setor com grande repercussão na
economia e no emprego, que havia se aproximado da paralisia
com a evaporação do crédito. O
fato de ter alcançado sucesso,
contudo, não implica que deva
ser automaticamente renovada,
por mero reflexo de pânico.
A Anfavea, de um lado, projeta
que as vendas cairiam 25% se a
renúncia fiscal -estimada em
R$ 1,35 bilhão no período de quatro meses- não fosse renovada.
Por outro, há indicações, como a
convocação de funcionários para
realizar horas extras, de que o
corte na produção no final do
ano pode ter sido exagerado.
Quando alguns esperavam
quedas bruscas, as vendas cresceram tanto em dezembro como
em janeiro e fevereiro. Discretamente, mas pelo visto o bastante
para criar alguma dificuldade no
atendimento da demanda.
A prorrogação dessa renúncia
fiscal pode ser defensável, mas
cabe ao Planalto demonstrar que
age com uma visão abrangente, e
não por reações intempestivas e
discriminatórias, que privilegiam um setor, ainda que importante. A economia nacional não
se limita a produzir automóveis.
Ainda faltam iniciativas para
incentivá-la como um todo -e
caberia convocar ao esforço também os governos estaduais, que
podem manejar o ICMS para estimular as vendas.
Existe uma limitação natural
para o instrumento da renúncia
fiscal: a queda da própria arrecadação. A de janeiro caiu 7,26%
diante do mesmo mês de 2008.
Não há como prodigalizar a benesse sem prejudicar, em algum
ponto, o equilíbrio fiscal.
Se cortasse despesas de custeio, o governo abriria margem
para mais ações anticrise. A redução da taxa básica de juros
também aliviaria gastos públicos
e, além disso, estimularia o conjunto da atividade econômica.
Texto Anterior: Editoriais: A real grandeza Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Decoro ou falta dele Índice
|