São Paulo, quinta-feira, 05 de março de 2009

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KENNETH MAXWELL

As batalhas de Obama

OS PROJETOS de lei, propostas e medidas administrativas introduzidos pelo presidente Barack Obama prepararam o cenário para grandes batalhas no futuro. Isso acontece porque existem profundas diferenças de opinião quanto às causas da crise atual e aos melhores métodos para enfrentá-la.
Muitos dos democratas do Congresso acreditam em uma imensa expansão no papel do governo central. Votaram a favor do pacote de estímulo econômico e apoiam as propostas orçamentárias do presidente. Eles veem as vastas somas que em breve fluirão para os Estados como essenciais à criação de empregos e à melhora da infraestrutura no país. Em sua opinião, as ações de Obama se justificam e são essenciais à recuperação.
Mas, ainda que a agenda seja clara em termos mais amplos, seus detalhes não o são. Ou, em alguns casos, são explícitos demais. Muitos democratas incluíram alguns de seus projetos favoritos no pacote de estímulo. Não surpreende que os bilhões assim alocados estejam causando divisões entre os grupos de interesses especiais. Um exemplo é a intensa concorrência por verbas federais para a construção de novas estradas ou reparos a estradas e pontes existentes.
Os republicanos do Congresso definiram uma posição oposta às medidas do presidente Obama. Discordam do presidente quanto à definição da crise e alegam que as soluções de Obama são equivocadas. Retornaram ao mantra do governo pequeno. Acreditam que as medidas sejam perdulárias e que não funcionarão.
Mas, fora de Washington, os governadores republicanos dos Estados mais importantes, como o governador Charlie Crist, da Flórida, e Arnold Schwarzenegger, da Califórnia, apoiam as medidas de Obama. Tanto a Flórida como a Califórnia sofrem severamente com a recessão. Em cada um desses Estados, o desemprego é alto e crescente. E os funcionários estaduais da Califórnia estão trabalhando apenas quatro dias por semana, para permitir que o Estado economize dinheiro.
Atento a essa cisão no país, o presidente Obama adotou uma posição bem à esquerda dos limites tradicionais do discurso político. Preferiu sair ao ataque. Mas seu sucesso dependerá, em última análise, de determinar se democratas ou republicanos estão certos sobre as causas da crise e da rapidez com que suas medidas dramáticas poderão obter efeitos positivos mensuráveis.
"Sei que eles já estão se preparando para a batalha", declarou Obama na semana passada. "Minha mensagem a eles é a seguinte: eu também".


KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI



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