|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Editoriais
A conta do atraso
NO BRASIL , os cursos de licenciatura das universidades formam número
suficiente de professores para o
ensino básico. No entanto, nas
escolas ainda faltam mestres
qualificados, em especial em
ciências e matemática.
O diagnóstico partiu da Capes,
órgão do Ministério da Educação. Os 24 milhões de alunos dos
ensinos médio e fundamental 2
demandam 726 mil docentes.
Como há mais de 1 milhão de
professores em atividade, a oferta parece adequada.
No detalhe, o quadro é bem
menos auspicioso: só metade da
demanda é coberta por mestres
com licenciatura na área em que
lecionam. Na melhor das hipóteses, há licenciados em matemática, por exemplo, dando aulas de
física. Na pior, nem no ensino
médio o professor se formou.
Observa-se uma acentuada
evasão profissional: dos que obtêm o diploma, boa parte opta
por não seguir a carreira docente. Entre licenciados em física,
apenas um terço atua no ensino
básico, o que mal cobre 11% da
demanda. Em química a situação
é ligeiramente melhor, com 15%.
Não se estranha o mau desempenho nacional no exame de
2006 do Pisa, prova da OCDE
aplicada em 57 países. O Brasil ficou na 53ª colocação em matemática e na 52ª em ciências.
Tampouco suscita surpresa que
formandos do ensino médio na
rede pública de São Paulo, o Estado mais rico, sejam incapazes
de efetuar contas elementares.
A única saída para tal descalabro está em tornar a carreira docente mais atrativa. Para isso,
não basta aumentar salários.
Texto Anterior: Editoriais: Dilma fala Próximo Texto: Roma - Clovis Rossi: Tudo sempre igual Índice
|