São Paulo, sábado, 05 de abril de 2008

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Editoriais

A conta do atraso

NO BRASIL , os cursos de licenciatura das universidades formam número suficiente de professores para o ensino básico. No entanto, nas escolas ainda faltam mestres qualificados, em especial em ciências e matemática.
O diagnóstico partiu da Capes, órgão do Ministério da Educação. Os 24 milhões de alunos dos ensinos médio e fundamental 2 demandam 726 mil docentes. Como há mais de 1 milhão de professores em atividade, a oferta parece adequada.
No detalhe, o quadro é bem menos auspicioso: só metade da demanda é coberta por mestres com licenciatura na área em que lecionam. Na melhor das hipóteses, há licenciados em matemática, por exemplo, dando aulas de física. Na pior, nem no ensino médio o professor se formou.
Observa-se uma acentuada evasão profissional: dos que obtêm o diploma, boa parte opta por não seguir a carreira docente. Entre licenciados em física, apenas um terço atua no ensino básico, o que mal cobre 11% da demanda. Em química a situação é ligeiramente melhor, com 15%.
Não se estranha o mau desempenho nacional no exame de 2006 do Pisa, prova da OCDE aplicada em 57 países. O Brasil ficou na 53ª colocação em matemática e na 52ª em ciências. Tampouco suscita surpresa que formandos do ensino médio na rede pública de São Paulo, o Estado mais rico, sejam incapazes de efetuar contas elementares.
A única saída para tal descalabro está em tornar a carreira docente mais atrativa. Para isso, não basta aumentar salários.


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