São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2010

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Editoriais

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Pressão sobre o Irã

OS SINAIS DE QUE a China poderá não vetar a aprovação de novas sanções contra o Irã no âmbito do Conselho de Segurança das Nações Unidas podem levar o "affair" a uma nova etapa, na qual as pressões sobre o país persa se tornarão mais amplas e intensas.
Com o consentimento chinês, e já obtido o da Rússia, cairá por terra a ideia de que os temores quanto ao desenvolvimento de artefatos nucleares pelo regime dos aiatolás são uma ficção montada pelos Estados Unidos e seus seguidores. É claro que a China, apesar de conhecidas divergências, mantém uma série de interesses comuns com os norte-americanos -mas é tudo menos um aliado automático da principal potência mundial.
Ao afirmar que os chineses deram "um passo muito importante" ao aceitar participar de discussões acerca de uma nova rodada de punições ao Irã, a Casa Branca sugeriu que os esforços em atrair a cúpula da ONU para sua proposta estão frutificando. Também o chanceler francês, Bernard Kouchner, saudou a "boa surpresa", ratificando as impressões de que Pequim muda de posição.
A confirmar-se o novo cenário, a diplomacia do Brasil estará diante de um dilema: insistirá, como tem feito, na defesa das supostas pretensões pacíficas do Irã ou acompanhará os membros permanentes do Conselho de Segurança na convicção de que existe um programa paralelo contra o qual as gestões diplomáticas estão se revelando inócuas?
Tem razão o governo brasileiro ao entender que o agravamento de sanções não impedirá o Irã de produzir uma bomba nuclear caso o deseje. Mas tal constatação não justifica que o país se mantenha, contra todos, na posição de fiador de um regime em tudo suspeito e condenável.


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