São Paulo, segunda-feira, 05 de abril de 2010

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PAINEL DO LEITOR

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Educação
"A mídia, de modo geral, incluída a Folha, comunga com empresários e políticos o discurso, mais ou menos unânime, de que a educação, na dita "sociedade do conhecimento", em que nos encontramos atualmente, é a coisa mais importante, devendo ser, portanto, a prioridade número 1 dos governos e da sociedade como um todo.
No entanto, assim como os governos relutam em traduzir a referida prioridade em mais investimentos, a mídia também se nega a traduzi-la no noticiário referente às iniciativas educacionais. A semana que passou foi palco de um dos principais acontecimentos da educação brasileira: a Conferência Nacional de Educação (Conae), aberta em Brasília na noite de 28 de março, e encerrada no dia 1º de abril.
Essa conferência tratou de dois temas fundamentais: a organização do Sistema Nacional de Educação e a elaboração do Plano Nacional de Educação, que deverá substituir o atual. Dos resultados da Conae deverão sair projetos de lei a serem encaminhados ao Congresso Nacional para discussão e aprovação.
Apesar da grande importância desse acontecimento, a mídia falada e escrita nada publicou a respeito. Acompanhei como assinante a Folha para ver o que seria publicado sobre o assunto. A Conae se encerrou e nada encontrei. Como explicar essa omissão da mídia diante de algo que ela mesma proclama como de transcendental importância? Seria tal proclamação apenas uma máscara a disfarçar o desinteresse de nossas elites dominantes e dirigentes no que se refere a uma educação que efetivamente venha a propiciar a toda a população brasileira uma visão clara e consistente da situação em que vive?"
DERMEVAL SAVIANI, professor emérito da Unicamp (Campinas, SP)

Apostilas
"O sistema de ensino apostilado é a "jabuticaba" do ensino brasileiro.
Só existe aqui. É uma solução heterodoxa para a baixa qualidade do pessoal docente. Há entretanto um aspecto que a reportagem "Apostilas ganham espaço em escola privada" (Cotidiano, 3/4) não aborda e que está na base do crescimento do sistema entre as escolas classificadas como B e C. Este aspecto é o econômico: o lucro que sua adoção proporciona aos donos de escolas.
Baixam os custos, pois não precisam mais contratar orientador pedagógico nem se preocupar em treinar e fiscalizar os professores.
Está tudo resolvido com o "sistema".
Isto fora o aumento de receita com a venda do material aos alunos por preços que chegam a ser o dobro do custo e muitas vezes contabilizando a compra como despesa, disfarçando o lucro da operação."
WANDER SOARES (São Paulo, SP)

 

"Escolas particulares usam apostilas não avaliadas pelo MEC, mas as avaliações oficiais dizem que elas têm melhor desempenho: o material didático, sozinho, não faz a diferença e tem sido alvo mais de disputa comercial do que educacional.
Vamos discutir o que o que a escola pública realmente precisa para dar aos alunos o direito de aprender."
MARIA CRISTINA TELLES (Osasco, SP)

Congresso
"A matéria sobre a desilusão política de alguns parlamentares (Brasil, 3/4) provoca no eleitor uma sensação de frustração e de desesperança. Ver políticos sérios como Pedro Simon (PMDB), Roberto Magalhães (DEM) e José Eduardo Cardozo (PT) desistirem da vida pública provoca um vazio, porque deixa a certeza de que seus lugares serão preenchidos por esses aventureiros que vêm tomando conta da política brasileira. O jornal foi condescendente quando disse que o risco seria a substituição desses homens públicos por políticos inexperientes. Não se trata de falta de experiência, e sim de falta de ética, de caráter, de honestidade e de compromisso com o interesse público.
Acho que na raiz dessas mazelas está a postura do Congresso Nacional, das Assembleias Legislativas e das Câmaras Municipais, que abdicaram de suas duas principais funções: legislar e fiscalizar os poderes Executivos nos três níveis."
ANTONIO DILSON PEREIRA (Curitiba, PR)

Psiu
"Desanimadora a reportagem sobre o Psiu (Cotidiano, 4/4). Por lei, barulho excessivo é uma contravenção referente à paz pública. No entanto, os donos dos estabelecimentos -poderíamos dizer, os donos da rua- fazem o que querem, já que sabem que nada acontecerá com eles. Certo dia, quando eu não aguentava mais o barulho de um lava-rápido em frente da minha casa, fui pessoalmente reclamar, e o dono, já prevendo o futuro, disse: "Chama a prefeitura que a gente para". Chamei. Mas a prefeitura nunca veio. E se um dia ela vier, será que resolverá o problema? Estamos de mãos atadas, a sensação é que o silêncio é que está proibido."
VERIDIANA MOTT (São Paulo, SP)

Pulseiras
"É profundamente deprimente! As mulheres são as culpadas da violência sexual que sofrem -é o que deixa claro uma determinação judicial para que elas não usem as "pulseiras de conotação sexual" (Cotidiano, 1/4). Dentre as tais "pulseiras" existe alguma cuja cor signifique "me estupre'? Pulseiras não estupram, brincos não estupram, perfumes não estupram, saias curtas não estupram: homens estupram.
Enquanto não se entender isto, vai se continuar justificando o estupro! Os homens que estupraram o fizeram porque ela pediu -é culpa dela. A determinação judicial e a lei da Câmara de Vereadores de Londrina são instrumentos poderosos na defesa dos estupradores."
EDNÉIA MARIA MACHADO (Londrina, PR)

Copa
"É pura bobagem essa bronca dos paulistas contra a CBF, pelo fato de a entidade trabalhar contra o jogo de abertura da Copa de 2014 ser no Morumbi ou em outro lugar de São Paulo. Tomara que nenhum jogo da Copa seja aqui em São Paulo, para nosso Estado não ter de desembolsar dinheiro nisso. Sou contra. O Estado carece muito mais de hospitais, escolas, centros de saúde, novas estradas, melhorias na segurança pública em vez de gastar com a Copa do Mundo, que não é prioridade. Essa empreitada deveria ficar com a Globo e a CBF. Que elas se virem arrumando patrocinadores ou qualquer outra forma, menos usar dinheiro da União ou dos Estados.
Em tempo: sou fanático por futebol, mas que a Copa (e a Olimpíada também) seja feita por países ricos, e não pelo nosso, que não consegue dar aos pobres assistência social, educacional e médica."
LAÉRCIO ZANINI (Garça, SP)

Evolução
"A Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (Atea) lamenta que, mais uma vez, a Folha divulgue dados e opiniões acerca do ateísmo ("Um em cada 4 brasileiros crê em Adão e Eva", Brasil, 2/4) e não se dê ao trabalho de consultar um único ateu. O país possui milhões de ateus, uma entidade nacional e, ainda assim, eles parecem não merecer serem ouvidos pelo jornal.
Apontamos ainda que é evidente que os 30% de declarados ateus que alegaram crer em intervenção divina obviamente não sabem o que significa ateísmo, ou não levaram a pesquisa a sério. Neste último caso, parece que eles tinham razão."
DANIEL SOTTOMAIOR (São Paulo, SP)

Poder
"Formidável a opinião de Plínio Fraga sobre o poder atual do povo brasileiro ("O general ri com seus botões", 4/4). Realmente desde 1964 que do povo não emana mais nenhum poder -não conseguiu mais produzir nenhum líder que realmente o represente. Suas lutas atuais são por causa nenhuma. Estimulados pela mídia, limitam-se a confrontos marcados via internet entre torcidas de futebol e a conflitos no trânsito em desrespeito às leis. O povo vive de mãos estendidas a esmolar bolsas oferecidas pelo governo e comparece às urnas como a um passeio descompromissado, sem consciência política alguma.
Vive nas raves e bailes funk exibindo seus eletroeletrônicos e crê ingenuamente que decide os "Big Brother's" e as "Fazendas" da vida, dando lucros fabulosos às redes de TV.
O povo luta para mudar este estado de coisas? Ao contrário, ajuda a alimentar os sites das grandes redes."
ÁUREA ROBERTO DE LIMA (São Paulo, SP)

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