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São Paulo, segunda-feira, 05 de maio de 2003

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MAIS BANANAS

Nem todos os sistemas econômicos evoluem e alguns evoluem mais que outros. Em casos extremos, há regressão econômica.
Nos últimos anos, é cada vez mais importante planejar essas trajetórias de longo prazo que dependem da capacidade de indivíduos e empresas de incorporar inovação tecnológica.
Essa incorporação de tecnologia transparece por exemplo no peso da tecnologia no comércio exterior.
No caso brasileiro, esses indicadores seguem rumos preocupantes. As exportações de produtos com um mínimo de tecnologia passaram de 26,4% do total em 2001 para 24,4% do total em 2002. O estudo foi publicado pelo Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).
A queda é ruim tanto nas importações quanto nas exportações. Se o país compra menos tecnologia, isso reflete um declínio dos investimentos ou do consumo de bens duráveis.
Nas exportações, a perda de terreno sugere que o país perde oportunidades onde mais se agrega valor.
Tomando-se como referência a média mundial de exportações e importações de bens intensivos em tecnologia, o Brasil está acima da média nas importações e muito abaixo da média nas exportações.
Segundo o Iedi, o Brasil concentra vendas em produtos cuja demanda mundial declina (27% das vendas foram de setores com crescimento negativo no comércio mundial).
Ora, querer exportar mais produtos cujos preços caem em todo o mundo significa obter cada vez menos renda com esforço crescente.
Outra conclusão alarmante do estudo do Iedi é a de que as desvalorizações cambiais são inócuas para alterar esse quadro. Alarmante porque o governo continua incapaz de articular as políticas científicas, tecnológicas e industriais que fariam pelo comércio exterior o que a desvalorização cambial é incapaz de fazer.
Na economia do conhecimento, perder espaço no comércio intensivo em tecnologia é ficar condenado ao atraso e à dependência.



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