São Paulo, quinta-feira, 05 de maio de 2011

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KENNETH MAXWELL

Osama e Obama

Em 1853, o major britânico James Abbott escolheu o local que viria a ser conhecido como Abbottabad [nome em homenagem ao militar] para o quartel-general do recém-conquistado distrito de Hazara e como base para proteção contra os aldeões pashtun e os extremistas islâmicos radicados ao norte da região.
Depois da independência do Paquistão do Reino Unido [em 1947], as Forças Armadas do país estabeleceram lá sua a academia militar de Kakun.
Osama bin Laden -o autor dos ataques de 11 de Setembro em Nova York e em Washington, e do sequestro que resultou na queda do voo 93 sobre Shanksville, Pensilvânia- foi localizado pelos serviços de inteligência americanos em uma edificação de três andares localizada dentro de um complexo protegido por altos muros, na aprazível Abbottabad, uma cidade de classe média onde predominam as famílias de militares, 56 quilômetros ao norte da capital paquistanesa, Islamabad.
Na madrugada do domingo, em um audacioso ataque, 79 soldados das forças especiais da Marinha dos EUA voaram em baixa altitude rumo ao local em quatro helicópteros Black Hawk, dois para o ataque e dois como reserva, e pousaram no esconderijo de Osama em Abbottabad.
Depois de 40 minutos de combate, mataram o mais procurado, o mais difícil de localizar e o mais importante terrorista na lista dos homens mais procurados pelas autoridades americanas. Um helicóptero sofreu problemas técnicos e foi destruído no local pelos americanos. Os demais se retiraram transportando o corpo de Bin Laden, que foi posteriormente sepultado no mar pelo porta-aviões Carl Vinson.
Foi um final decisivo para uma caçada muitas vezes exasperante e bem dispendiosa, que durou quase dez anos.
Barack Obama e sua equipe de segurança nacional assistiram ao ataque do posto de comando da Casa Branca, e o presidente foi informado por uma transmissão em vídeo do diretor da Agência Central de Inteligência (CIA), Leon Panetta, de que "Geronimo EKIA". Geronimo era o nome código da operação. EKIA quer dizer "inimigo morto em ação". Obama exclamou, baixinho: "Nós o pegamos".
A morte de Osama bin Laden representa imensa vitória para Barack Obama. O alívio é enorme pelas quase 3.000 vítimas dos ataques de 11 de Setembro terem enfim sido vingadas, em alguma medida.
Não será o fim da história, de forma alguma. A Al Qaeda continua sendo uma oponente perigosa. Há medo de retaliação. O Oriente Médio está em crise, e a guerra no Afeganistão, longe de ser decidida.
As repercussões podem ser complicadas para a relação entre o Paquistão e os EUA.
Mas Obama pôs fim ao mito da invencibilidade de Osama. E esta é uma grande realização.

KENNETH MAXWELL escreve às quintas-feiras nesta coluna.

Tradução de PAULO MIGLIACCI


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