|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
Ortodoxia em alta
BRASÍLIA - O governo Lula tem emitido sinais exteriores de otimismo. É
cedo para saber se a alegria será sustentável no longo prazo.
No momento, há razões concretas
para celebrar. O PIB cresceu, o saldo
da balança comercial é recorde, o salário mínimo de R$ 260 foi aprovado
com larga folga na Câmara.
A Operação Vampiro ainda não
grudou no governo como algo ruim,
como deseja a oposição. O tesoureiro
do PT, Delúbio Soares, nega irregularidades um dia sim e outro também.
A direção petista demonstra confiança em Delúbio. Ou finge muito bem.
O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, vai vencendo a batalha por mais poder interno no Planalto contra o chefe da Casa Civil, José Dirceu -como deseja Lula.
Filiado ao PC do B, partido que já
teve a Albânia como modelo, Aldo
Rebelo tem feito o que o presidente
recomendou: negociado incansavelmente com todas as siglas representadas no Congresso. Se essa tática terá
êxito duradouro, é outra história. O
grande teste será aprovar o salário
mínimo no Senado.
Tudo isso serviu para desoprimir o
ambiente governista. A conseqüência
mais relevante, no entanto, é o acúmulo de forças do ministro da Fazenda, Antonio Palocci. A sua crença na
inércia do modelo ortodoxo começa
a dar resultados objetivos.
O enfraquecimento de Dirceu anabolizou Palocci ainda mais. Já foi para o espaço sideral a possibilidade de
mudança da meta inflacionária do
ano que vem de 4,5% para 5,5%, patrocinada com força por Dirceu, Aloizio Mercadante e Ciro Gomes.
O momento é de consolidação da
vitória da ortodoxia dentro do petismo -sobretudo no apego ao gradualismo dos regimes ortodoxos.
Basicamente, firma-se no establishment do PT a noção de que, no Brasil,
às vezes é bom não ter idéias. Tudo se
resolve sozinho. A ver.
Texto Anterior: São Paulo - Marcos Augusto Gonçalves: Lembra da jabuticabeira? Próximo Texto: Rio de Janeiro - Chico Santos: Em nome da democracia Índice
|