São Paulo, terça-feira, 05 de junho de 2007

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Negócios da Índia

Mercado indiano ainda tem pouca importância para empresas do Brasil; parceria na Rodada Doha é bem mais promissora Q UADRUPLICAR , para US$ 10 bilhões anuais, o comércio com a Índia nos próximos dez anos -o objetivo declarado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em sua visita à nação asiática- demandará mudança substancial na relação entre os dois países. Se a economia indiana vai cumprindo as expectativas no rumo de tornar-se uma potência global no decurso deste século, o Brasil ainda se aproveita parcamente dessa ascensão.
As transações de lado a lado evoluíram ao longo dos últimos anos. A soma das exportações do Brasil para a Índia e das compras de produtos desta nação pelo mercado brasileiro foi multiplicada por cinco nos últimos sete anos. Ainda assim, o mercado indiano participa só com 1,1% no total do comércio externo brasileiro -fatia comparável à do Peru, país próximo, mas de economia muito menor que a da Índia.
Há razões para o baixo aproveitamento, pelo Brasil, das oportunidades oferecidas pela Índia, que cresce a taxa anual média próxima de 7% há mais de uma década. À diferença, por exemplo, da China -cuja participação no comércio brasileiro saltou de 1,6% para 7,2% entre 1999 e 2006-, o encaixe entre o mercado brasileiro e o indiano não favorece "naturalmente" o incremento das transações.
A Índia, dentre as economias emergentes, é uma das mais fechadas, praticando tarifas de importação proibitivas em vários segmentos. Em sua estratégia de inserção externa, mais do que mercadorias, a nação asiática tem privilegiado a exportação de serviços, basicamente para o público norte-americano. Em situações como essa, a eficiência da diplomacia é fundamental para que os óbices à evolução dos negócios entre os dois países possam ser superados.
É incompreensível, nesse sentido, que o Congresso brasileiro ainda não tenha ratificado um modesto acordo de preferências tarifárias assinado há três anos entre Índia e Mercosul. Trata-se de uma injustificada demonstração de desleixo no momento em que novas iniciativas bilaterais são encetadas, como a criação de um fórum empresarial permanente e a assinatura de um acordo de cooperação entre as estatais petrolíferas dos dois países.
Bem mais concreta, felizmente, é a colaboração entre Nova Déli e Brasília no campo das negociações para a liberalização do comércio global, no âmbito da chamada Rodada Doha. A expectativa de uma baixa generalizada de tarifas -beneficiando em boa medida os países menos desenvolvidos- terá talvez seu momento decisivo nesta semana, na reunião do grupo de países ricos, o G8, em Rostock (Alemanha).
Brasil e Índia, que participarão do encontro como convidados, lideram a associação de nações emergentes, o G20, que pleiteia a queda das barreiras às importações agrícolas do mundo desenvolvido. Que ajam com sabedoria, o que significa ceder com discernimento às pressões dos ricos pela redução nas tarifas de mercadorias industrializadas.


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