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Negócios da Índia
Mercado indiano ainda tem pouca importância para empresas do Brasil; parceria na Rodada Doha é bem mais promissora
Q
UADRUPLICAR , para
US$ 10 bilhões anuais,
o comércio com a Índia nos próximos dez
anos -o objetivo declarado pelo
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva em sua visita à nação asiática- demandará mudança substancial na relação entre os dois
países. Se a economia indiana vai
cumprindo as expectativas no
rumo de tornar-se uma potência
global no decurso deste século, o
Brasil ainda se aproveita parcamente dessa ascensão.
As transações de lado a lado
evoluíram ao longo dos últimos
anos. A soma das exportações do
Brasil para a Índia e das compras
de produtos desta nação pelo
mercado brasileiro foi multiplicada por cinco nos últimos sete
anos. Ainda assim, o mercado indiano participa só com 1,1% no
total do comércio externo brasileiro -fatia comparável à do Peru, país próximo, mas de economia muito menor que a da Índia.
Há razões para o baixo aproveitamento, pelo Brasil, das
oportunidades oferecidas pela
Índia, que cresce a taxa anual
média próxima de 7% há mais de
uma década. À diferença, por
exemplo, da China -cuja participação no comércio brasileiro saltou de 1,6% para 7,2% entre 1999
e 2006-, o encaixe entre o mercado brasileiro e o indiano não
favorece "naturalmente" o incremento das transações.
A Índia, dentre as economias
emergentes, é uma das mais fechadas, praticando tarifas de importação proibitivas em vários
segmentos. Em sua estratégia de
inserção externa, mais do que
mercadorias, a nação asiática
tem privilegiado a exportação de
serviços, basicamente para o público norte-americano. Em situações como essa, a eficiência
da diplomacia é fundamental para que os óbices à evolução dos
negócios entre os dois países
possam ser superados.
É incompreensível, nesse sentido, que o Congresso brasileiro
ainda não tenha ratificado um
modesto acordo de preferências
tarifárias assinado há três anos
entre Índia e Mercosul. Trata-se
de uma injustificada demonstração de desleixo no momento em
que novas iniciativas bilaterais
são encetadas, como a criação de
um fórum empresarial permanente e a assinatura de um acordo de cooperação entre as estatais petrolíferas dos dois países.
Bem mais concreta, felizmente, é a colaboração entre Nova
Déli e Brasília no campo das negociações para a liberalização do
comércio global, no âmbito da
chamada Rodada Doha. A expectativa de uma baixa generalizada
de tarifas -beneficiando em boa
medida os países menos desenvolvidos- terá talvez seu momento decisivo nesta semana, na
reunião do grupo de países ricos,
o G8, em Rostock (Alemanha).
Brasil e Índia, que participarão
do encontro como convidados,
lideram a associação de nações
emergentes, o G20, que pleiteia a
queda das barreiras às importações agrícolas do mundo desenvolvido. Que ajam com sabedoria, o que significa ceder com discernimento às pressões dos ricos
pela redução nas tarifas de mercadorias industrializadas.
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